- Então pessoal?
– Disse ele porque não tinha consciência do impacto que teve em mim – Estás
pronta? Ou és como a tua tia Alice que consegue levar mais tempo do que uma
mulher humana para se preparar para sair? Pobre Jasper – Ainda disse ele a rir
olhando para tia Alice e recebendo um olhar gélido desta.
- Estou pronta sim, vamos? – E dizendo isto
dei o braço a Jacob e saí dizendo adeus a todos os presentes na sala.
- Sabes que estás fantástica esta noite não
sabes? – Perguntou-me ele com os olhos cheios de admiração e fascínio – não sei
se esta noite vou conseguir conter-me – Eu pensava que ele estava a brincar,
como de costume, mas na verdade, ao olhar para ele, dei-me conta que as
palavras do pai queriam dizer alguma coisa e que esta noite seria, de facto,
muito especial, tal como eu também pressentia. Deixaria as coisas acontecerem.
- Já vi que te
deram algumas prendas… - disse Jacob, e, tirando uma pequena bolsinha em pele,
olhou para mim e disse – Esse fio está muito sozinho, e é tão bonito que até é
uma pena que assim seja, por isso aqui tens uma pequena lembrança minha – e tal
como havia feito com a minha mãe, uns anos atrás, deu-me um pequeno pingente em
madeira escura com acabamento em ouro, o pingente tinha a forma de um pequeno
coração e no meio do coração tinha um minúsculo lobo gravado e por trás do
coração as iniciais dos dois também gravadas.
- Jacob, é
lindíssimo! Foste tu que fizeste? Para mim? – Perguntei inocentemente e com os
olhos a brilhar de emoção e de admiração perante tão delicado presente.
- Então quem
haveria de ter sido minha tontinha?! O Paul? Claro que fui eu que fiz, já o
venho fazendo há muito tempo e quando surgiu a oportunidade de te dar,
aproveitei. Mas a noite ainda não acabou e ainda vais ter mais algumas
surpresas! – Dizendo isto, abriu a porta do carro que o pai havia emprestado
para nos levar ao baile, ajudou-me a entrar e rumou ao centro da cidade para o
tão esperado baile.
O salão
principal da escola tinha-se transformado por completo, agora em vez das
habituais mesas e cadeiras típicas de um liceu, viam-se pequenas mesas redondas
com toalhas brancas e vermelhas e um pequeno castiçal com uma vela natalícia.
As janelas todas tinham cortinados de veludo vermelho e verde e no chão haviam
grandes carpetes redondas a indicarem onde os pares deveriam dançar. Nunca
pensei que a escola pudesse ficar assim somente para um baile de Natal. Quem
teria patrocinado tudo aquilo? Sim, porque a escola não tinha fundos para algo
tão sofisticado. Haveria de tentar saber, mais cedo ou mais tarde.
Com o passar das
horas, todo o clima do baile deixou de ser festivaleiro, para se tornar em algo
mais íntimo, à medida que os casais se iam embalando ao som das músicas, agora
mais calmas e suaves. Jacob não me largava um só instante e ficava intimamente
chateado quando eu, ocasionalmente, me desviava para falar com um ou outro colega.
Nunca tinha achado Jacob um homem ciumento, mas em relação a mim ele tinha
mudado em muitos aspectos. Achara que tinha chegado o momento certo de lhe
declarar o seu amor a ele, depois de ter ido falar com mais um colega, e
pensando nisso dirigiu-se a ele com um sorriso nos lábios e um brilho especial
nos olhos.
- Porque sorris
minha pequenina? – Perguntou-me ele carinhosamente, tentando arranjar maneira
de pôr em prática o que quer que pretendia.
- Sorrio porque
estou acompanhada do mais belo par daqui do baile, todas as raparigas daqui do
liceu se me pudessem matar só com um olhar, fá-lo-iam de certeza – Disse-lhe
eu, sentindo-me orgulhosa por estar ao lado de Jacob.
- Falas delas em
relação a mim, e então eles? Até estou com medo de alguns deles – Disse ele com
ironia, dando a entender de que, na verdade, todos os rapazes da escola podiam
juntar-se ao mesmo tempo para lhe darem uma sova que ele quebrava-os a todos.
De súbito, o
olhar dele deixou de ter um ar trocista e passou a ter uma tonalidade
amendoada, que traduzia a importância daquele momento e, obviamente não fiquei
alheia a esse aspecto.
- Nessie… -
começou ele com a voz meio a tremer e a tentar desapertar o laço da garganta -
… por certo sabes que desde o momento que te vi, acabada de nascer, sabia que
um dia haveríamos de ser um para o outro algo mais que bons amigos, não sabes?
– Perguntou ele com cuidado.
- Sim, sei e
antes que me digas mais alguma coisa, deixa-me mais uma vez, demonstrar-te que
já não sou uma criança e que sei bem o que quero – Dito isto eu coloquei-lhe as
mãos na cara e transmiti-lhe tudo o que ele precisava de saber… Que o amava e
que seria dele mais cedo ou mais tarde e que faria de tudo e estava mesmo
disposta a isso, para que aquela união se concretizasse. Enquanto lhe mostrava
todos os seus pensamentos apenas com aquele toque suave, eu sabia também que
Jacob sentia-se como se tivesse morrido e ido para o céu e que tentava sair
daquele estado de transe, para me retirar as mãos da cara e muito suavemente
depositou-me um beijo nos lábios ainda inocentes. Era o meu primeiro beijo e o nosso
primeiro beijo, que selava um destino e um futuro juntos, o futuro mais
reluzente do que alguém alguma vez tivera tido.
- Amo-te minha
pequenina – Disse-me ele devagar e com toda a sua alma ao que apenas lhe
respondi com um piscar de olhos, sem ter forças para mais nada e esquecendo-me
também eu, de respirar.
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