22/03/2013

Os Nossos Contos - Seria Sempre Assim Parte 6


- Então pessoal? – Disse ele porque não tinha consciência do impacto que teve em mim – Estás pronta? Ou és como a tua tia Alice que consegue levar mais tempo do que uma mulher humana para se preparar para sair? Pobre Jasper – Ainda disse ele a rir olhando para tia Alice e recebendo um olhar gélido desta.
 - Estou pronta sim, vamos? – E dizendo isto dei o braço a Jacob e saí dizendo adeus a todos os presentes na sala.
 - Sabes que estás fantástica esta noite não sabes? – Perguntou-me ele com os olhos cheios de admiração e fascínio – não sei se esta noite vou conseguir conter-me – Eu pensava que ele estava a brincar, como de costume, mas na verdade, ao olhar para ele, dei-me conta que as palavras do pai queriam dizer alguma coisa e que esta noite seria, de facto, muito especial, tal como eu também pressentia. Deixaria as coisas acontecerem.
- Já vi que te deram algumas prendas… - disse Jacob, e, tirando uma pequena bolsinha em pele, olhou para mim e disse – Esse fio está muito sozinho, e é tão bonito que até é uma pena que assim seja, por isso aqui tens uma pequena lembrança minha – e tal como havia feito com a minha mãe, uns anos atrás, deu-me um pequeno pingente em madeira escura com acabamento em ouro, o pingente tinha a forma de um pequeno coração e no meio do coração tinha um minúsculo lobo gravado e por trás do coração as iniciais dos dois também gravadas.
- Jacob, é lindíssimo! Foste tu que fizeste? Para mim? – Perguntei inocentemente e com os olhos a brilhar de emoção e de admiração perante tão delicado presente.
- Então quem haveria de ter sido minha tontinha?! O Paul? Claro que fui eu que fiz, já o venho fazendo há muito tempo e quando surgiu a oportunidade de te dar, aproveitei. Mas a noite ainda não acabou e ainda vais ter mais algumas surpresas! – Dizendo isto, abriu a porta do carro que o pai havia emprestado para nos levar ao baile, ajudou-me a entrar e rumou ao centro da cidade para o tão esperado baile.
O salão principal da escola tinha-se transformado por completo, agora em vez das habituais mesas e cadeiras típicas de um liceu, viam-se pequenas mesas redondas com toalhas brancas e vermelhas e um pequeno castiçal com uma vela natalícia. As janelas todas tinham cortinados de veludo vermelho e verde e no chão haviam grandes carpetes redondas a indicarem onde os pares deveriam dançar. Nunca pensei que a escola pudesse ficar assim somente para um baile de Natal. Quem teria patrocinado tudo aquilo? Sim, porque a escola não tinha fundos para algo tão sofisticado. Haveria de tentar saber, mais cedo ou mais tarde.
Com o passar das horas, todo o clima do baile deixou de ser festivaleiro, para se tornar em algo mais íntimo, à medida que os casais se iam embalando ao som das músicas, agora mais calmas e suaves. Jacob não me largava um só instante e ficava intimamente chateado quando eu, ocasionalmente, me desviava para falar com um ou outro colega. Nunca tinha achado Jacob um homem ciumento, mas em relação a mim ele tinha mudado em muitos aspectos. Achara que tinha chegado o momento certo de lhe declarar o seu amor a ele, depois de ter ido falar com mais um colega, e pensando nisso dirigiu-se a ele com um sorriso nos lábios e um brilho especial nos olhos.
- Porque sorris minha pequenina? – Perguntou-me ele carinhosamente, tentando arranjar maneira de pôr em prática o que quer que pretendia.
- Sorrio porque estou acompanhada do mais belo par daqui do baile, todas as raparigas daqui do liceu se me pudessem matar só com um olhar, fá-lo-iam de certeza – Disse-lhe eu, sentindo-me orgulhosa por estar ao lado de Jacob.
- Falas delas em relação a mim, e então eles? Até estou com medo de alguns deles – Disse ele com ironia, dando a entender de que, na verdade, todos os rapazes da escola podiam juntar-se ao mesmo tempo para lhe darem uma sova que ele quebrava-os a todos.
De súbito, o olhar dele deixou de ter um ar trocista e passou a ter uma tonalidade amendoada, que traduzia a importância daquele momento e, obviamente não fiquei alheia a esse aspecto.
- Nessie… - começou ele com a voz meio a tremer e a tentar desapertar o laço da garganta - … por certo sabes que desde o momento que te vi, acabada de nascer, sabia que um dia haveríamos de ser um para o outro algo mais que bons amigos, não sabes? – Perguntou ele com cuidado.
- Sim, sei e antes que me digas mais alguma coisa, deixa-me mais uma vez, demonstrar-te que já não sou uma criança e que sei bem o que quero – Dito isto eu coloquei-lhe as mãos na cara e transmiti-lhe tudo o que ele precisava de saber… Que o amava e que seria dele mais cedo ou mais tarde e que faria de tudo e estava mesmo disposta a isso, para que aquela união se concretizasse. Enquanto lhe mostrava todos os seus pensamentos apenas com aquele toque suave, eu sabia também que Jacob sentia-se como se tivesse morrido e ido para o céu e que tentava sair daquele estado de transe, para me retirar as mãos da cara e muito suavemente depositou-me um beijo nos lábios ainda inocentes. Era o meu primeiro beijo e o nosso primeiro beijo, que selava um destino e um futuro juntos, o futuro mais reluzente do que alguém alguma vez tivera tido.
- Amo-te minha pequenina – Disse-me ele devagar e com toda a sua alma ao que apenas lhe respondi com um piscar de olhos, sem ter forças para mais nada e esquecendo-me também eu, de respirar.

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