24/02/2023

Opinião | Doidos Por Livros | Emily Henry | Quinta Essência

Doidos por Livros
de Emily Henry
ISBN: 9789896615338
Editor: Quinta Essência
Ano: 2022
Idioma: Português
Encadernação: Capa mole
Páginas: 432
Classificação temática: Romance
EAN: 9789896615338

Disponível 

Nora vive para os livros. É agente literária e defende os seus escritores apaixonadamente.
Charlie é editor literário e tem o dom de publicar bestsellers. E é o inimigo n. º 1 de Nora.
Nora adora a sua profissão e não se imagina a viver noutro sítio que não Nova Iorque. O que ela não adora é a sua vida amorosa. Já perdeu relações suficientes por não se conformar com o papel de namorada dócil e caseira. Está farta! Por isso, quando a sua irmã, Libby, lhe propõe uma viagem a duas, Nora aceita. Sunshine Falls, uma amorosa vila na Carolina do Norte onde decorre a ação do bestseller do momento, está longe de ser o seu destino de férias ideal. Mas Libby escolheu esta radical mudança de cenário de propósito para incentivar a irmã a viver a vida de forma real e autêntica e não apenas através dos livros. Durante um mês, Libby tudo fará para que Nora seja a protagonista da sua própria história (romântica, de preferência).

Mas em vez de piqueniques em prados, encontros casuais com um atraente médico de província ou lenhador escultural, Nora está sempre a dar de caras com… Charlie, que teve a lata de rejeitar um dos seus livros, anos antes. Nora não é nenhuma heroína. Charlie está longe de ser um herói. Mas à medida que continuam a esbarrar um no outro - numa série de coincidências típicas dos melhores romances -, o que descobrem sobre si próprios supera (de longe!) a ficção.


    Ler este livro fez-me recordar o porquê de eu gostar tanto de ler. Tanto podemos ler um livro super complexo que nos enche as medidas na sua totalidade, como depois podemos encontrar livros destes, escritos de uma maneira tão simples mas tão "terra-a-terra" que nos enche, não só as medidas, como o coração. 
    O que mais gostei neste livro? O facto das duas personagens principais terem a cabeça no lugar. Sendo que era evidente que ambos tinham muito amor dentro deles e eram incompreendidos por todos os que os rodeavam, passando por pessoas frias e distantes, souberam sempre manter os pés no chão e ter sempre o bem estar e felicidade um do outro em primeiro lugar. Adorei também o facto de ser uma história com livros. Muitos livros, muitas ideias literárias e um vislumbre do mundo literário visto da perspectiva de um agente e/ou editor. Gostei imenso das personagens, mesmo as secundárias. A irmã dela é uma miúda incrível que, apesar de sempre ter sido, das duas, a que mais precisava de apoio e protecção, quando foi mesmo preciso conseguiu superar-se e pensar primeiro na irmã e no que ela precisava, colocando as suas próprias "necessidades" em segundo lugar. Adorei a relação próxima e cumplice que elas tinham as duas. Gostei muito, muito mesmo da personalidade do Charlie. Um homem directo, mas com um humor irónico e seco que fazia com que, todas as vezes que eles se encontrassem, as faíscas começassem a voar por todos os lados. As trocas de mensagens dos dois é, simplesmente, hilariante e dá aquele toque rápido e fluído à leitura. 
    O que não gostei? Hum...não posso dizer que não tenha gostado de nada, mas por vezes, achei as interacções mais hot um pouco repentinas e um pouco pensadas demais. Mas nada contra. 

    Para finalizar: A autora conseguiu trazer-nos personagens reais. Daquelas que podíamos encontrar em qualquer dia normal do nosso quotidiano. Tanto Charlie, como Nora são pessoas absolutamente normais. Ela uma agente literária focada nos seus clientes e em fazer bem o seu trabalho, tendo em conta que o mundo literário era a sua paixão desde muito pequena. Por conta das horas (a mais) que dedica ao trabalho, nunca conseguiu encontrar aquela pessoa especial que percebesse a dedicação que ela tinha e colocava em tudo o que fazia. Adora a cidade e todos os lugares vibrantes e quando tem de sair de Nova Iorque para descansar (ou tentar) com a irmã, sente-se como um peixinho fora de água. Já Charlie é editor. Não se destaca pelo fisíco absurdamente atraente, não tem os tão aclamados six-pack que são sempre tão destacados em outras histórias. Prima pela sua gentileza e pela sua inteligência. Não é que seja feio, apenas não tem aquela beleza estonteante e que salta à vista que todos os personagens masculinos geralmente têm. É mais uma beleza real e normal. Embora também seja um homem da cidade, teve de regressar às suas origens mais calmas, demonstrando um sentido de família inegável. Os dois fazem um casal adorável e entusiasmante. Adorei conhecer Charlie e Nora. Precisamos de mais personagens assim.

    Recomendo, obviamente!

08/02/2023

Opinião | Viagem Atribulada | Beth O'Leary | TopSeller

Viagem Atribulada da Beth O’Leary
Título Original: The Road Trip
ISBN: 9789895648504
Edição: 11-2021
Editor: Topseller
Páginas: 416
Género: Romance Contemporâneo

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Cinco pessoas à boleia de um passado que precisa de ser revivido.
Addie e Deb estão de malas feitas para uma viagem de carro até à Escócia para assistirem ao casamento de uma amiga. A playlist está a postos e as guloseimas estão preparadas, e até Rodney, um outro convidado da boda a quem vão dar boleia, se encontra devidamente instalado no banco de trás. O longo percurso promete ser uma oportunidade para as duas irmãs passarem umas belas horas de convívio.
Contudo, pouco tempo depois da partida, um outro carro embate na traseira do delas. Tudo não passaria de um pequeno contratempo, se o condutor da outra viatura não fosse Dylan, o ex-namorado de Addie, que ela anda a evitar desde a separação traumática do casal dois anos antes.
Dylan e Marcus, o seu melhor amigo, também vão a caminho do casamento, mas, agora que os dois ficaram com o carro inoperacional, Addie vê-se obrigada a oferecer-lhes boleia. E é assim que, de um momento para o outro, o Mini se enche de bagagem e segredos. Nos quase 650 quilómetros que têm pela frente, Addie e Dylan serão obrigados a confrontar-se com a atribulada história da sua relação e com todas as memórias de um passado com muitos problemas por resolver.

    Este livro, a par com o "Apartamento Partilha-se", foi uma surpresa deveras agradável. Já deu para perceber que a autora tem uma forma leve e divertida de escrever uma história, fazendo com que a leitura não se torne aborrecida e pesada. Gosto imenso de como Beth O'Leary cria personagens interessantes, inteligentes e divertidas. Com alguns problemas de personalidade, mas ainda assim muito apelativas.
    Esta foi, de facto, uma viagem atribulada e conta-nos a história de Addie e Deb, duas jovens mulheres que, numa viagem para o casamento de uma das melhores amigas, dá de caras com o seu ex-namorado Dylan e o seu inseparável mas insuportável melhor amigo, Marcus. Acontece que nessa viagem há um acidente e Dylan bate-lhe em cheio na traseira do seu pequeno carro. Uma vez que também ele vai ao casamento, acabamos por ter os dois no mesmo carro, o dela, e mais três pessoas: Deb, irmã dela, Marcus, melhor amigo dele e um pendura que ninguém sabe bem como foi convidado para o casamento. Cinco pessoas que não se podem ver umas às outras num pequeno Mini tem tudo para dar certo, verdade? Só que não! numa viagem que também foi pautada por visitas ao passado, de quando Dylan e Addie se conheceram e se apaixonaram perdidamente um pelo outro, vamos ter acesso a tudo o que aconteceu desde a altura em que as coisas estavam bem e, de repente, começaram a correr mal até ao ponto da ruptura entre os dois. 
    Tenho de admitir e dizer-vos que gosto imenso de histórias onde temos essas viagens entre o passado e o presente. Dá-nos uma maior perspectiva e conhecimento das personagens. Falando, precisamente das personagens, tenho algumas coisas a dizer. De todas elas, curiosamente a que mais gostei foi da Deb, a irmã meio tresloucada mas que está sempre ali para apoiar e ajudar a irmã. Não tem papas na lingua e adorei a forma como ela batia de frente com Marcus. Quanto à Addie, apesar de ser a personagem principal, achei-a um pouco ambígua. Gostei mais da Addie do presente do que a Addie que nos foi apresentada no passado. Quanto a Dylan, se houve alturas em que tive pena dele, outras houve que o achei um bocado banana demais para o meu gosto (perdoem-me a expressão). Desde que o conhecemos deixa-se influenciar pelo melhor amigo Marcus e, regra gerla, tomava sempre a decisão mais errada possível, nunca pensando pela sua cabeça ou nunca agindo com o seu próprio coração. Era um fraco, é o adjectivo mais adequado. Quanto a Marcus, mais uma vez, curiosamente não o detestei. Pelo contrário, tinha apenas imensa pena dele e de ele ser uma pessoa tão negativa e tão tóxica. É daquele tipo de amigo que devemos manter a distância. Verdade que tinha uma personalidade singular e, em algumas alturas, divertida, mas no geral era alguém que servia apenas para minar toda a felicidade dos que o rodeavam. 
    Uma história que aborda problemas familiares, relações de amizade tóxicas e destrutivas e alguns abusos pelo caminho e a forma como, muitas vezes, a solução é pedirmos ajuda a quem, de facto, nos pode ajudar. Não é erro nenhum recorrermos a quem está de fora para nos voltar a encaminhar na vida e isso foi um facto que admirei no Dylan e no Marcus. Algures no tempo eles decidiram que estava na hora de mudar e durante toda a leitura foi mesmo essa mudança que fez toda a diferença.

    Recomendo!

06/02/2023

Opinião | Antes que o café Arrefeça | Toshikazu Kawaguchi | Presença

 
O que faria se pudesse voltar atrás no tempo?
Um romance tocante e inspirador.

Um rumor circula por Tóquio. Escondido num pequeno beco da cidade, dentro de uma cave, há um café com mais de cem anos. Com uma chávena bem quente, se nos sentarmos no lugar certo, oferecem-nos algo mais: a hipótese de voltar ao passado. Em Antes Que o Café Arrefeça, acompanhamos as viagens de quatro mulheres que procuram regressar a momentos determinantes das suas vidas para os mudar: falar com o namorado que partiu, ler a carta do marido com Alzheimer, ver a irmã pela última vez e conhecer a filha que nunca viu. Mas as viagens no tempo têm condições e riscos… e nada do que façam vai alterar o presente.

Uma mesa, um café e uma decisão.
Uma história sobre o amor, o tempo perdido e as oportunidades que o futuro nos reserva.

Há uns tempos atrás, estava eu nas compras e, na secção de livros, este livro, muito por causa do seu título, chamou-me a atenção. No entanto, não o comprei. Tempos mais tarde, vi-o novamente numa campanha e, estupidamente, voltei a não comprar. Porquê? Não sei. Apesar de ter achado a sinopse muito interessante e um pouco fora do que habitualmente leio, nunca senti aquela compulsão para o comprar. Até ao dia em que quis comprar e estava esgotado em todo o lado, inclusive online.
A oportunidade de ler este livro deu-se quando decidimos, eu e mais duas amigas do mundo literário, criar um Challenge Book Club, onde tanto temos as leituras referentes ao tema daquele mês, e estas são livres e, uma outra vertente que é a Leitura Conjunta e, esta, consiste em ler o mesmo livro, mais ou menos ao mesmo ritmo, durante aquele mês. O livro escolhido para a primeira leitura conjunta do nosso clube de leitura foi este, felizmente, caso contrário, provavelmente não o teria lido tão cedo.

Este livro é composto por quatro partes, todas elas distintas, mas todas elas ligadas umas às outras. A única dificuldade constante ao longo deste livro é tão só o inicio de cada parte, muito devido à dinâmica dos nomes em japonês que nos confundem um pouco em distinguirmos quem é quem, sendo que praticamente todas as personagens aparecem em todas as partes. Pelo menos para mim, apenas os inícios de cada parte é que me deixavam sempre pouco à vontade na leitura, quase como se não conseguisse avançar normalmente, de resto, a leitura fluía de uma forma leve e lógica. 
Dizer que este livro apanhou-me completamente de surpresa é dizer pouco. Como disse antes, sabia que ia ser interessante, mas, para além disso também foi um mensageiro. Cada parte do livro enviou-me uma mensagem ou uma lição de vida. Não me admira nada que tenha passado tão despercebido mas que tenha surpreendido tantos leitores. É de uma sensibilidade de escrita e de emoções admirável. Lição que tenha tirado da leitura deste livro acho que terá sido a mesma que quase todos nós que lemos tiraram. Aproveitar o presente para dizermos tudo o que queremos dizer às pessoas que estão à nossa volta e que mais tarde poderão não estar. Não deixar nada por dizer, nada por fazer e desculpa nenhuma por pedir. Ser feliz e agir de modo que os outros também possam ser felizes e compreendidos por nós e nós por eles. Não viver com arrependimentos e com aquela sensação de : "e se eu tivesse dito.. e se eu tivesse feito..." De todas as histórias, de quatro mulheres magníficas e fortes que nos são apresentadas, a que mais gostei foi e a que mais me tocou foi, sem qualquer sombra de dúvida, a última... A história de uma jovem mãe que não queria mais nada a não ser colocar a sua filha no mundo, sendo saudável e forte, mas, a certa altura ter de optar por ser uma mãe ausente ou não ser mãe, de todo, sacrificando assim a vida da sua filha pela dela. Sendo mãe, nem consigo imaginar a dor e ao mesmo tempo a alegria daquela mãe ao ver a filha que, a tanto custo, queria colocar no mundo, fosse como fosse. Foi enternecedor e, ao mesmo tempo, triste até dizer chega, a forma como aquela mãe nunca colocou o seu amor em causa.
Em relação às outras três histórias, são também muito boas e, a seu modo, também muito tristes e ao mesmo tempo reveladoras do quanto a humanidade ainda pode evoluir emocionalmente.

Este é um livro que eu recomendarei sempre que puder!!