31/01/2018

Opinião | Quase Adulta | Jamie Attenberg | TopSeller

A perfeição é entediante; o interessante é o caminho até lá se chegar. Quando lhe perguntam quem é, Andrea Bern tem a resposta na ponta da língua: ela é designer, nova-iorquina, amiga, filha e irmã. Mas, nas entrelinhas, percebe-se a sua verdadeira natureza: ela é quase quarentona, quase artista, quase à deriva, quase adulta. À sua volta, as pessoas arquitectam a vida tal qual os padrões que as revistas e as séries de TV populares comandam. Mas há muito que Andrea deixou de perseguir esse sonho e de ter expectativas irreais sobre a sua vida. 
Contudo, quando a sua sobrinha nasce com uma doença incurável, Andrea e a família têm que rever prioridades. Pela primeira vez, ela é forçada a fazer algo impensável: a preocupar-se com os outros.

(Pode Conter Spoilers.. Ou não)
Acabei agorinha mesmo de ler este livro e devo dizer que gostei bastante. A leveza da escrita, a intensidade dos pensamentos da personagem, ainda que exteriorizados de uma forma simples e cativante. Jamie Attenberg tem tudo para ser uma autora conhecida e reconhecida aqui por terras lusas e não só.
Neste livro, que, a meu ver, trata-se de um manifesto contra as regras impostas pela sociedade dirigidas às mulheres, é-nos dado a conhecer uma mulher madura e com total convicção de que não tem de seguir estas mesmas regras impostas diariamente. Não tem de seguir o modelo de adolescente que tira um curso, arranja emprego, namora, casa-se, tem filhos e depois pronto. Fim da linha. Ainda hoje em dia, é muito frequente depararmo-nos com aquele eterno estereotipo de mulher, esposa, mãe e nada mais. Não há ambição, não há aquela liberdade que tão bem faria à maioria das mulheres que se resignam e deixam de viver a sua individualidade.
Andrea é essa mulher. A que não se deixa vergar pelas regras e tradições. É a excepção à regra. Tem 39 anos, muitos homens já passaram pela vida (e cama) dela e nem um conseguiu dar-lhe aquela vontade de "assentar", de criar família própria. Marido? Filhos? Não era mesmo para ela e assim ela continua a pensar quando vê a sua melhor amiga casar e ser mãe. Assim continua até ver o irmão, que ela tanto ama, casar-se e ser pai. No entanto, é o bebé do irmão que vai fazer toda a diferença. É uma menina e, quis o destino, que fosse uma menina com prazo de validade. Nasce com uma doença rara e incurável, pelo que a sua morte, mais cedo ou mais tarde, seja inevitável. Ainda que este livro seja um relato da vida de uma mulher rebelde e independente, não deixamos de cair no erro de torcer para que um milagre aconteça e aquela menina inocente, de alguma maneira, consiga dar a volta por cima e consiga vencer o fatídico destino.
Andrea, ao longo dos anos, cada vez mais se dá conta de que, tal como o seu pai (já morto e também ele um rebelde) havia lhe dito em tempos, faz parte daquele pequeno grupo de pessoas que simplesmente não precisam de ninguém para serem felizes, nem sequer de bens materiais.. Um bom copo de vinho (ou mais) é o suficiente para ela. Não quer dizer que estas pessoas mais solitárias e independentes, não precisem de afecto, de preocupação, de carinho e atenção, mas sempre em pequenas doses e nunca de uma forma vitalícia. 
Gostei particularmente de ver que Andrea, apesar de ser um bocado (muito) cínica em relação ao casamento e às juras de amor eterno que, regra geral, quase nunca são levadas até ao fim, consegue ser uma pessoa boa. Sente empatia por aqueles que sofrem por amor, por aqueles que, de uma maneira ou de outra e tal como ela, não conseguiram ser bem sucedidos nas suas carreiras de sonho. Ela era uma artista e boa. No entanto, o rumo dos acontecimentos e a maneira de ser dela, não lhe permitiram ser ainda melhor e fazer da arte a sua vida.
Gostava de ter tido mais um pouquinho de Andrea, da mãe e do irmão, após o que aconteceu no final do livro. Ver como e até que ponto aquele acontecimento teve impacto na vida deles, mas.. não se pode ter tudo ;)

Recomendo!

30/01/2018

Opinião | A Definição do Amor | Jorge Reis-Sá

Numa pequena cidade portuguesa, Susana sofre um AVC. Os médicos decretam sua morte cerebral ao mesmo tempo que anunciam sua gravidez de doze semanas – causa provável do acidente vascular. Francisco, o marido, começa então o diário do seu luto, que vai de maio a Outubro, porque decidem não interromper a gestação. Francisco falará então do que é viver a morte anunciada, com todas as circunstâncias que o levaram até ali e que diariamente tem de enfrentar. Entre cada um dos meses, uma véspera se anuncia. Cada uma delas é composta por uma carta, cujo conjunto percorre trinta anos da vida de pessoas ligadas intimamente ao casal e vai explicar muito do que agora se passa.

(Pode Conter Spoilers)
Já tinha este livro há algum tempo na estante e sempre que olhava para ele ficava com aquele "bichinho" para o pegar e ler, mas acaba sempre por aparecer outro mais urgente ou, até mesmo, a falta de ânimo para ler um livro com a carga emocional que, eu sabia de antemão este livro teria. Não me enganei. Se por um lado temos a versão de um homem que, do nada, se vê a braços com a futura morte da mulher, também tem de lidar com o facto de que, aquele corpo moribundo da sua mulher, outrora viva e enérgica, carrega também um bebé, fruto do amor que sempre os uniu e ajudou a ultrapassar tudo o que de mau a vida se nos apresenta.
Como disse, este livro carrega um peso emocional muito grande, que só quem é marido, esposa, pai ou mãe, sabe o quanto dói e o quanto custa. Ver a nossa metade prostrada numa cama, ligada a montes de máquinas para manter-se viva enquanto serve de incubadora para um bebé que já vai nascer em situações anómalas e sem muita saúde deverá ser das coisas mais duras e mais terríveis que pode acontecer a alguém.
Francisco nem quer acreditar quando lhe dizem que Susana, a sua esposa, está no hospital ligada às máquinas, entre a vida e a morte. Não quer tomar a decisão de acabar com o sofrimento dela, uma vez que ela está em morte cerebral e, o facto dos médicos lhe darem a notícia de que Susana está grávida, facto que ele desconhecia, dá-lhe aquele motivo, aquela desculpa para prolongar a vida artificialmente assistida de Susana. Não está propriamente viva, mas também não está morta e enquanto há um coração a bater, há sempre a esperança de que algo mude e um milagre aconteça. É a gravidez de Susana que a vai manter "no limbo" durante os cinco meses que faltam de gestação. Não havia garantias de que o corpo de Susana aguentasse ser uma espécie de incubadora até a filha nascer, mas também não se perdia nada em tentar porque, de qualquer modo, Susana estava condenada desde que lhe dera aquele AVC. 
O relato de Maio a Outubro, feito por Francisco, dá-nos a conhecer até alguns parentes mais próximos e que os levaram àquele exacto momento. É também nesse relato que conseguimos perceber como é que alguém pode definhar tanto através do sofrimento contínuo de se saber que aquela pessoa vai morrer e que já até tem uma pré data para isso. Tudo dependia de quando e como a menina resolvesse nascer.
Já li muitos livros na minha vida e em muitos deles conseguimos perceber que se sofre com a perda, mas, Francisco é, de verdade, a tristeza e o sofrimento combinados e aliados. Não vive como deve ser, não pensa como deve ser, nem sequer pelo filho pequenino que deixa, dia após dia, com os avós.
Esse livro e o relato que lemos nele é de um peso emocional quase insuportável e que nos faz pensar e dar valor ao que temos e a quem temos agora, neste exacto momento, porque nunca sabemos quando ficamos sem.
Não dei mais estrelas pelo facto de, por vezes, nos perdermos nos saltos temporais que há no livro, assim como conseguirmos associar personagens que, embora sejam parentes, não entram activamente no relato. Acaba por ser um bocado confuso e só quando voltamos ao Francisco e a Susana é que nos conseguimos situar.
Recomendo!
(Este exemplar foi gentilmente cedido pela Guerra&Paz Editores em troca de uma opinião sincera

29/01/2018

Novidade Booksmile | O Gato Gaspar | Espaço Infanto-Juvenil

Os primeiros anos do bebé, além de especiais, são muito importantes. Os momentos partilhados com os pais são fundamentais para o crescimento dos mais pequenos e os livros desempenham um excelente papel no desenvolvimento. A colecção O Gato Gaspar, composta por sete títulos (três chegam às livrarias dia 22 deste mês e os restantes em Março) é perfeita para incentivar o bebé a explorar o mundo, ajudando-o a estimular os diferentes sentidos.
Com um formato fácil de manusear, próprio para mãos pequeninas, e ilustrações ternurentas e cativantes, estes livrinhos de grande qualidade pedagógica são ideais para pais e filhos interagirem e se divertirem, ao mesmo tempo que o bebé desenvolve diferentes capacidades e descobre o mundo que o rodeia.

Novidade TopSeller | Quase Adulta | Jami Attenberg

Um romance cómico e real sobre uma mulher de 39 anos, solteira e sem filhos, que desafia as convenções enquanto procura ligações reais com os que a rodeiam.
#os40saoosnovos20 #aartedesersolteira #aartedeserquaseadulta

Selecionado para várias listas de melhor livro do mês, incluindo as revistas Elle e Vogue UK, o jornal Chicago Tribune, o site Book Riot e a Amazon.

«Uma das melhores contadoras de histórias contemporâneas. Com uma voz inteligente e sardónica, a autora coloca a questão que tem atormentado pessoas de todas as idades: Quando sabemos que já chegamos à idade adulta?»
Nylon

«Jami Attenberg explora a mente de uma mulher de 39 anos que tem zero interesse em fazer aquilo que esperam dela, seguindo o coração em vez da sua cabeça. — uma leitura compulsiva, sexy e encantadora.» 
Newsweek

A perfeição é entediante; o interessante é o caminho até lá se chegar.

Quando lhe perguntam quem é, Andrea Bern tem a resposta na ponta da língua: ela é designer, nova-iorquina, amiga, filha e irmã.
Mas, nas entrelinhas, percebe-se a sua verdadeira natureza: ela é quase quarentona, quase artista, quase à deriva, quase adulta. À sua volta, as pessoas arquitectam a vida tal qual os padrões que as revistas e as séries de TV populares comandam.
Mas há muito que Andrea deixou de perseguir esse sonho e de ter expectativas irreais sobre a sua vida. Contudo, quando a sua sobrinha nasce com uma doença incurável, Andrea e a família têm que rever prioridades.
Pela primeira vez, ela é forçada a fazer algo impensável: a preocupar-se com os outros.

Jami Attenberg é norte-americana e colabora com a New York Times Magazine, o Wall Street Journal e o Guardian, entre outros. Foi finalista dos prémios Los Angeles Times Book Prize for Fiction e St. Francis College Literary Prize.
Quase Adulta foi seleccionado para várias listas de melhor livro do mês, incluindo as revistas Elle e Vogue UK, o jornal Chicago Tribune, o site Book Riot e a Amazon.

Quase Adulta é uma edição Topseller e as primeiras páginas estão disponíveis para leitura imediata aqui.

16/01/2018

Novidade BookSmile | O Grande Livro da Magia - perfeito para os mini mágicos lá de casa | Espaço Infanto-Juvenil

Quem em criança não quis aprender e fazer truques de magia? Ou mesmo descobrir como é que era possível um coelho sair de uma cartola, ou adivinhar a carta escolhida? A magia faz parte do crescimento das crianças e é uma excelente ferramenta para promover a interacção com a família e os amigos. Com mais de 50 truques de magia, cheios de mistério, O Grande Livro da Magia vai fazer as delícias dos mini mágicos que existem lá em casa.​
​ 
O Dia Mundial do Mágico celebra-se a 31 de Janeiro. ​


A magia é muito mais do que apenas uma série de truques, é um exercício de inteligência, habilidade e perspicácia. O Grande Livro da Magia vai ajudar-te a treinar a tua destreza e a descobrir o grande mágico que és! Nas páginas deste manual, encontrarás instruções passo a passo, fáceis de seguir, para executares as ilusões mais impressionantes. São truques com cartas, lenços, moedas e chapéus, com os quais poderás surpreender família e amigos, num espectáculo sem igual! Mete as mãos às obras e impressiona a tua família e os teus amigos com muitos truques de magia!

Workshop de Escrita Descalça com André de Oliveira em São João da Madeira

Workshop de Escrita Descalça em São João da Madeira

Vimos relembrar que as vagas para o workshop de Escrita Descalça a 27 de Janeiro, em São João da Madeira, são limitadas e que a participação está dependente de inscrição prévia. Uma vez que há tanta gente interessada, aconselhamos a que a vossa inscrição seja feita logo que possível.

Este workshop tem como objectivo trazer à flor da pele o escritor dentro de cada um de nós. Descalços e com roupa bem confortável, vamos sentar-nos em tapetes confortáveis no chão, beber chá e desenvolver exercícios de escrita criativa com o apoio de técnicas de relaxamento e meditação para a criatividade e muita boa disposição. Aqui não há regras, apenas orientações e partilha do génio criativo que reside em todos nós.
Valor: 30€
Data: 27 de Janeiro (8h)
Data limite da inscrição: 25 de janeiro

Orientador – André de Oliveira
André de Oliveira é terapeuta e escritor. Considera-se um buscador de histórias e sentidos para a vida. Entre as suas muitas paixões estão a literatura, o cinema, a música e o teatro. Gosta de política, espionagem e bom vinho tinto. É um amante da cultura oriental e adora viajar. É membro fundador da Filmocracy, plataforma internacional para guionistas de cinema. Autor do polémico romance "Peónia Vermelha" e "Viagem com o Mestre", André de Oliveira é orientador dos cursos "O Meu Primeiro Romance" e "Escrita Descalça".

Novidade Guerra & Paz | A Vida de Uma Porquinha-da-Índia no Escritório | Paulien Cornelisse

Vamos todos ter uma colega nova.
Uma porquinha-da-índia.

Um romance divertido e comovente sobre a depressiva vida de escritório

Paulien Cornelisse
15x23
216 páginas
Ficção / Romance
15,90 €
Nas livrarias a 16 de Janeiro
Guerra e Paz Editores

Não podia começar melhor. Falamos em trabalho e o título do livro inclui a palavra porquinha. Estamos bem, mas ainda vamos mais longe: a porquinha-da-índia é especialista em comunicação (!) e hipocondríaca. Desde já aproveitamos para fazer um disclaimer: nada neste livro é inspirado na vida empresarial da Guerra e Paz. Mas podia ser. Ou será que não?

A Vida de Uma Porquinha-da-Índia no Escritório é o romance de estreia da holandesa Paulien Cornelisse e, como já perceberam, é um livro escrito a pensar em todos aqueles que têm ou já tiveram colegas de trabalho. Um livro para ler e rir, melancólico e divertido, uma fotografia exacta da nossa vida, sem filtros nem Photoshop! Lá fora, muitos foram os leitores e os críticos que o compararam à série The Office, bem como ao Diário de Bridget Jones. Para os fãs, é a leitura ideal.
Mas afinal, quem é a porquinha-da-índia? É a Cobaia e é da vida dela que trata este livro. Afundada na rotina, trabalha sem paixão. Todos os seus colegas são humanos , dá-se bem com eles, mas sente-se sozinha, acompanhada apenas pela sempre leal máquina de café. Vê a vida a passar, mera observadora. O antigo namorado vai casar-se e convida-a para o casamento. Como reagir? O novo chefe é o rufia de serviço: produtividade e inovação – acima de tudo! Stella, a tenebrosa responsável pelos Recursos Humanos, espera pelo mais pequeno deslize. Atormentada pelo trabalho, falhada nos amores, a Cobaia desespera.

Quatro razões para ler este romance:

· Trabalha num escritório? É esse o centro deste livro.
· Sente alguma inaptidão social? É esse o drama da nossa porquinha-da-índia.
· Comove-se com o sentimento de exclusão? Tem neste livro um apoio solidário.
· Ainda se deixa arrebatar um por um impulso de esperança? E voltamos ao escritório e à nossa protagonista.

A Cobaia é uma porquinha, já o dissemos, mas também é muito humana. Com depressões e tristezas, com dificuldades e falhanços, mas também com alegria e muitas amizades, a Cobaia somos todos nós. Poderá ela ser feliz? Poderemos nós ser felizes? 

 Chega às livrarias nacionais a 16 de Janeiro.

Novidade Booksmile | À Descoberta dos Sons | Joana Rombert | Actividades Divertidas para a Terapia da Fala

Ao contrário da leitura e da escrita, que se aprende conscientemente, a fala é um processo natural e espontâneo.No entanto, com o crescimento, a criança pode vir a ter alguns problemas na evolução da fala. Com ilustrações apelativas, À Descoberta dos Sons, da terapeuta Joana Rombert, vai ajudar no desenvolvimento da fala, da leitura e da escrita de uma forma muito divertida e que os mais pequenos vão adorar! Este livro, nas livrarias a 22 de Janeiro, incluiu ainda cartões de sons para recortar e usar durante os exercícios. Aprender nunca foi tão fácil e divertido.


Nesta fase importante do processo de aprendizagem, podem surgir dificuldades ou pequenos obstáculos: a omissão, a distorção ou a troca de sons a falar; a dificuldade em distinguir sons semelhantes, em reconhecê-los e em identificá-los na palavra. Estes conhecimentos são essenciais para aprender a ler e a escrever. Cheio de ilustrações coloridas, À Descoberta dos Sons apresenta jogos e atividades pensados para serem feitos entre pais e filhos, ou educadores e alunos, de forma lúdica e divertida.

Joana Rombert é licenciada em Terapia da Fala pela Escola Superior de Saúde do Alcoitão. Pós-graduada em Terapia Miofuncional pela Universidade de Vic. Formação em Terapia Familiar pela Sociedade Portuguesa de Terapia Familiar. Trabalha no Departamento de Pediatria Médica do CHLN – Hospital de Santa Maria.  É também autora dos livros A Linguagem Mágica dos Bebés e O Gato Comeu-te a Língua (ed. Esfera dos Livros), e co-autora dos livros Ouvir, Dizer e Escrever, Método DOLF: Desenvolvimento Oral Linguístico e Fonológico e Método DOLF: Actividades (ed. Papa-Letras).

Novidade 4Estações | Anita Garibaldi | Thales Guaracy

Um romance sobre a coragem 
Um romance sobre Anita Garibaldi
Inseparável companheira de Giuseppe Garibaldi, guerrilheiros na América do Sul
e heróis da unificação da Itália.

Neste livro repleto de beleza e cores realistas, tão chocante quanto maravilhoso, tão particular quanto universal, vemos Anita pelos olhos de Giuseppe Garibaldi, a única pessoa que testemunhou realmente a vida da revolucionária. E assim conhecemos a mulher que se lança sozinha sobre o exército inimigo; que por ciúmes corta os cabelos do marido e o ameaça com um par de pistolas; que abandona os próprios filhos entre desconhecidos para atravessar um país em convulsão, escondida sob a correspondência num carro de correio, até uma cidade sitiada. Anita Garibaldi aprendeu que as causas perdidas são as mais certas, tornando-se numa das mais extraordinárias personagens da  história, considerada a heroína de dois mundos, precursora e símbolo do feminismo, e a representação da mulher forte e independente.

 

12/01/2018

Opinião | Escondida em Ti | Lisa Renee Jones

Será possível viver a vida de outra mulher?

Quando os diários secretos de Rebecca chegam às mãos de Sara, ela não podia imaginar os segredos que contêm. Por entre histórias repletas de atos sexuais tão ilícitos como tentadores, Rebecca revela o medo de estar a correr perigo.
Decidida a descobrir o que aconteceu à misteriosa Rebecca, Sara entra no seu mundo. Quase sem dar por isso, sente que entrou também na sua vida. Ocupando o seu emprego, e privando com pessoas que a conheciam, acaba envolvida com um homem perigosamente parecido com aquele que Rebecca descreve nos seus diários.
Será que este mundo, onde Rebecca desapareceu, também vai engolir Sara? Quantos mais segredos Sara descobre, mais sensual e mais perigosa vai ficando a sua missão de encontrar Rebecca. E mais embrenhada ela vai ficando na vida da desaparecida.
Com um ritmo voraz e inebriante, Lisa Renee Jones oferece-nos um romance repleto de emoção e sensualidade, que irá agradar às fãs de J. Kenner, Maya Banks, Sylvia Day e E. L. James.

(Pode Conter Spoilers... ou não)
Já tinha ouvido falar muito e bem deste livro que dá início à saga "Inside Out".
Neste primeiro livro é-nos apresentados Sara e Chris. Ela é uma professora que leva uma vida discreta e sem grande reboliço. Gosta e faz questão de ter o controlo da sua vida. Já no passado teve dissabores por entregar a sua vida a um homem e jurou que nunca mais um homem teria esse poder sobre ela. Apesar de gostar do que faz, tem uma paixão por arte e, ao cair-lhe nas mãos os diários eróticos de uma desconhecida, embrenha-se numa demanda em busca dessa mesma desconhecida, acabando por investir as suas férias de verão a trabalhar numa galeria de arte, último local conhecido de Rebecca, a mulher desconhecida que com as suas aventuras eróticas mudou a vida de Sara de uma forma irrevogável. É nessa galeria comandada por Mark, um homem enigmático e um tanto ou quanto cínico e com a mania que manda em tudo e em todos com apenas um olhar, que conhece Chris, um pintor famoso, atraente e charmoso, que de imediato capta a atenção de Sara, não só porque ela é uma grande fã do seu trabalho, como também pelo seu carisma e, deixemos de rodeios, pela sua aparência que não a desgostava, de todo. 
Em poucos dias, Sara vê-se envolvida numa relação intensa com ele. Apesar de ela ter prometido que nunca mais ninguém tomaria as rédeas do seu corpo e dos seus sentimentos, Sara reconhece que com Chris poderia abrir-se mais e ser mais ela. É com Chris que Sara descobre o seu lado mais sensual e atrevido. Com ele ela consegue sentir-se sexy e poderosa, sem precisar sentir-se fraca e submissa.
Gostei do facto de que a autora não abusou nas cenas mais quentes. Brindou-nos com alguns momentos escaldantes que em nada belisca os leitores mais sensíveis. Uma relação baseada na atracção que sentem um pelo outro e nada mais. Foi esse o combinado. Apaixonarem-se não era algo que estivesse em questão. Seria algo simples para os dois, algo que satisfizesse os dois e nada mais, até porque, não tardaria e Chris teria de regressar a Paris. Gostei da forma como aos poucos Sara vai abrir-se e tornar-se menos convencida de que não precisa de ninguém e, ao mesmo tempo, vai libertar-se daquele complexo de que não está à altura seja de quem for. 
Do que não gostei? Do facto de Sara, em grande parte do livro raramente lembrar-se de quem realmente a levou para aquela aventura inesperada: Rebecca. Trocou-se a demanda em busca de uma Rebecca desaparecida por uma relação cheia de altos e baixos com Chris, tendo Mark à mistura e algumas ocasiões. A ideia do livro era ela procurar por Rebecca e não esquecer-se constantemente dela e usar os diários apenas quando lhe convinha ou quando se lembrava. Esse foi um aspecto que acabou por irritar-me um bocado. Esse e o facto de não apreciar muito histórias de cariz erótico contados pela primeira pessoa, pela personagem principal. O "eu" acaba por repetir-se demasiadas vezes e, em certas ocasiões, nem soa bem a própria personagem dizer que estava sexy ou de arrasar. Teria sido muito mais prazeroso se tivesse um narrador "imparcial".
No geral, até gostei, mas não consegui dar as quatro estrelinhas. Pode ser que isso esteja reservado para o próximo a saga!

10/01/2018

Opinião | Menina Boa, Menina Má | Ali Land

Quando Annie, 15 anos, entrega a sua mãe à polícia espera um novo começo de vida — mas será que podemos realmente escapar ao nosso passado? A mãe de Annie é uma assassina em série. Annie ama a sua mãe, mas a única maneira que tem de a fazer parar é entregá-la à polícia. Com uma nova família de acolhimento e um novo nome — Milly —, espera um novo começo. Agora pode ser quem quer. Mas, com o julgamento da mãe à porta, os segredos do passado de Milly não vão deixá-la dormir… Quando a tensão sobe, Milly vai ter de decidir: será uma menina boa? Ou uma menina má? Porque a mãe de Milly é uma assassina em série. E ela é sangue do seu sangue.

(pode conter spoilers... ou não)
Este livro... Li-o em dois dias! Foi assim uma coisa que me "bateu" e deixou-me um bocado abismada. Quem me conhece e aos meus gostos, sabe que este género de livro não é bem a minha praia e, geralmente, são sempre os livros que levo mais tempo a ler. Este não. Este devorei e lia outra vez sem qualquer problema (isso se não tivesse outros "milhentos" de livros na fila para ler).
Ali Land lança o seu primeiro livro de uma forma absolutamente *deliciosa*. Escrita simples e rápida, sem ser extensivamente longa e aborrecida, que nos leva a ler e a devorar páginas sem darmos por isso. Aborda um tema muito forte e, na minha perspectiva, assustador, tendo em conta que se trata de uma miúda que se sente na obrigação de travar a morbidez e malvadez da própria mãe.
Mesmo sabendo que o tema assim o exige, não conseguimos deixar de nos sentir chocados à medida que vamos tendo conhecimento de tudo o que Annie/Milly passou e ainda está a passar por conta da mãe.
Apesar de tudo acontecer, exactamente, por causa da mãe de Annie, temos de colocar esta menina como o centro do livro todo. Tendo em conta que ainda é uma jovem adolescente, seria de esperar que não fosse uma personagem muito complexa e de difícil entendimento. Se numa altura podemos perceber que Annie está em constante luta com o seu interior e com as memórias da mãe, em outras alturas conseguimos vislumbrar o que nela está intrinsecamente ligado à mãe, quase como se fosse algo passado geneticamente). Era nessas alturas em que mais recava pelo que ela pudesse fazer.
É difícil perceber de imediato como é que esta jovem é. Se de início ficamos surpreendidos pela ousadia e pela coragem que ela teve de denunciar a própria mãe, no decorrer da história conseguimos perceber que, de facto, esta jovem de apenas 15 anos pode ser tudo menos uma criança equilibrada. A vivência que teve com a mãe, a brutalidade a que foi submetida durante tantos anos e a própria genética teriam de estar algures no interior dela, pronto a emergir e era o que moldava a forma como ela lidava com as outras pessoas, quer fossem bem intencionadas ou não.
Gosto do facto de Ali Land não ter exagerado nas descrições dos crimes, até porque a mãe de Annie era tudo menos branda com as crianças que maltratava e matava. Acho que foi uma boa opção da escritora até porque, como já disse, o tema e a forma como tudo se passa durante o livro, já choca o quanto basta. Foram muitas as vezes em que dei por de respiração suspensa com receio de como é que ela ia reagir a uma ou outra situação e isso é deveras torturante. 
Como filha, Annie vê-se acolhida por uma família que tomou nas suas mãos a tarefa de a ajudar a ser novamente uma adolescente, ainda que dependesse dela o testemunho, em tribunal, que ditaria a sentença da mãe. Nessa família, Annie, ou melhor, Milly, acalenta a esperança de um dia eles quererem ficar para sempre com ela e que, por uma vez na vida, ela tenha o seu lugar no mundo. Um lugar seguro e estável, como tantas outras meninas da idade dela têm. É um bocadinho triste a forma como Milly agarra-se aos "pais" temporários, sabendo que de uma hora para a outra tudo se poderá resolver e ela ter de se ir embora de vez, quando na realidade o que ela queria era ficar ali com eles que são os únicos conhecedores da realidade dela. Por muitas vezes, senti-me triste e impotente em relação a Milly e à situação dela. Mas, Milly é uma menina com uma força interior enorme e que não se deixava ir abaixo com facilidade.

Levei muito tempo a escrever esta opinião justamente porque fiquei como que em "ressaca literária" depois de o acabar e achei que não iria conseguir escrever uma opinião à altura.
Acho que todos perceberam que este livro vale a pena de ser lido e que Ali Land tem de ser seguida com atenção.