02/04/2013

Os Nossos Contos..... "O galho de Albino Pessegueiro"

E para terminar uma trilogia de contos do Paulo Roderick, aqui fica o último "O galho de Albino Pessegueiro"

Albino Pessegueiro, jovem pouco dado à inteligência era, de facto, feliz.
Sentia-se bem no seu pequeno mundo.
Tinha amigos. Os poucos a que ele assim chamava, ou apenas o queriam gozar ou eram no verdadeiro sentido da palavra, amigos.
Sua mãe, Emília Pessegueiro, nome de árvore por parte do marido após casamento, era uma costureira afamada e uma grande beata religiosa. Tinha a casa sempre cheia de alegres clientes, senhoras que não prescindiam de seus serviços as quais, muitas delas, recrutadas nas manhãs passadas na igreja.
Antão Pessegueiro, pai de Albino era um homem pouco atraente e de poucas palavras, mas que gostava de “pescar sem linha” entre as clientes da sua mulher! Beatas que não perdiam uma oportunidade de pecar para logo a seguir se confessarem.
Antão nunca soube se sua mulher era assim tão boa costureira ou se as clientes apenas frequentavam o atelier de Emília, pura e simplesmente por causa dos atributos do seu pessegueiro, como ele carinhosamente chamava ao habitante do seu baixo ventre!
Albino tinha problemas com os pais. Ambos exerciam sobre ele um controle exagerado para um jovem adolescente.
Albino era virgem. Nunca o confessara, mas não necessitava de o fazer já que todos sabiam que ele fugia das moças de sua idade como o diabo foge da cruz. Era extremamente envergonhado e quando alguma lhe dirigia a palavra ele, além de não dizer coisa com coisa, babava-se entre palavras mal balbuciadas, o que originava medo e repulsa por parte do sexo feminino.
Albino Pessegueiro já estava na altura de quebrar alguns galhos próprios da sua idade, mas dada a sua total inoperância para entrar em contacto com esses seres tão puros e delicados do sexo feminino, pela visão deturpada dada pelos pais, tentou aliviar a sua libido sozinho.
Pediu, a modos que envergonhado, umas revistas daquelas onde apareciam aquelas criaturas divinais, como vinham ao mundo, a um amigo dos verdadeiros, e resolveu fechar-se no seu quarto já em posse delas.
Desnudou-se e ficou apenas tapado com um lençol na sua cama.
No momento em que se preparava para conhecer o sétimo céu, enquanto olhava para a imponência de um par de seios que davam para alimentar uma família numerosa, sua mãe abriu a porta do quarto com uma brusquidão tal que fez com que Albino se assustasse, desse um salto da cama e ficasse todo nu perante ela! A vontade já ia bastante avançada e o galho “cedeu” dando lugar a um lançamento brutal de seiva, atingindo directamente a senhora sua mãe mesmo no meio do peito!
A senhora, que já estava extremamente chocada com o que via, ao ver-se naquela situação saiu do quarto aos gritos com as mãos nos cabelos!
O pai apercebendo-se de que algo se passava foi em socorro de Emília. Levou a mulher à casa de banho para se limpar e com toda a calma do mundo dirigiu-se para o quarto do filho.
Albino já tapado com o lençol, tremia como varas verdes. Ao ver o pai borrou-se em desculpas, babando tudo o que estava à volta com a saliva que saia de sua boca.
O pai acalmou-o e disse-lhe “Meu filho, tens de ver que ao apelares à “irmã da canhota” para aliviares o sentimento de pecado que tens dentro de ti, apenas fazes com que atraia doenças como a tuberculose. Corres esse risco! Tens de aguentar esse desejo e vais ver, daqui a uns anos vais encontrar o lugar certo para colocar o galho do teu pessegueiro, como aconteceu com o pai e a mãe”
“Perdoe pai! Não volta a acontecer” Disse Albino, chorando baba e ranho!
Os anos passaram. A senhora sua mãe ficou marcada com aquela imagem para toda a sua vida! Cada vez que se recordava ficava lívida e cheia de suores frios, desatando a correr para ir vomitar!
Albino cresceu forte e feliz. No seu pequeno mundo.
Arranjou emprego numa fábrica de chaves. Abriu a sua, colocando-lhe o nome de “Fábrica do Galho do Pessegueiro”.
Experimentava todas as fechaduras com o seu galho de pessegueiro antes de as colocar à venda. Nunca soube se era aquele o local que se pai se referiu para colocar o galho, mas também nunca teve coragem de perguntar.
Albino continuou a não dizer coisa com coisa quando falava com senhoras e babava-se frequentemente.
Ao que consta continuou virgem até ao fim dos seus dias. Isto é, se não contarmos com as fechaduras que passaram pelo seu galho.

Ao Paulo o nosso muito obrigada por esses 3 contos hilariantes!

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