A Caminho de Casa conta a história de dois irmãos que são o oposto um do outro. Andrea é engenheiro, responsável, tem um casamento perfeito e o dom de fazer sempre as escolhas certas. Marco, três anos mais novo, é dono de um restaurante em Londres, rebelde, instável e um mulherengo inveterado. Nunca se sentiram íntimos na sua relação, mas a súbita doença do pai irá aproximá-los e fazê-los compreender muita coisa sobre si próprios e sobre a família.
Um romance que atesta a maturidade de Fabio Volo como escritor e que nos fala de temas universais como: o amor, a paixão, o casamento, a amizade, as escolhas que se fazem e as que ficam por fazer, e a extrema importância dos afectos na passagem para a vida adulta.
*Pode Conter Spoilers*
Tenho de admitir que não estava mesmo à espera de gostar tanto deste livro como gostei. Primeiro porque trata-se da história de dois irmãos. Ainda se fosse entre um irmão e uma irmã, ainda vá, mas dois irmãos? Que não se "gramam" e que têm de se aturar à força porque o pai chegou ao fim da linha?
Contudo, e apesar destes pensamentos terem passado pela minha mente, estava ansiosa por pegar nesta história. Se tinha medo de começar a ler e chegar a meio (ou nem isso) e sentir que estava a perder tempo? Sem dúvida, mas quem é que pega num livro desconhecido e sabe de antemão que o vai adorar ou que não vai achá-lo aborrecido? É isso que as páginas de um livro novo têm de mágico. Este livro é, acreditem em mim quando o digo, absolutamente *delicioso*. Por tratar-se de dois irmãos que ao irem a caminho de casa se encontram um ao outro no processo, por tratar-se de páginas repletas de carinho, ternura, entendimento, angústias, medos e dúvidas, por ser a junção de duas histórias principais e ao mesmo tempo de várias vidas num só tempo e numa só narrativa.
A meu ver, a personagem "Marco" é a mais profunda e a que mais "frenesins" nos comete. Por ser uma alma livre, por ser carinhoso, por ser amável, por ser *uma pessoa horrível* como ele tantas vezes diz que é. Por ser um homem de coração angustiado que desde sempre sofreu com a morte da mãe, com a perda do seu grande amor Isabella, por pensar que se calhar não vale a pena ter uma relação se no futuro poderá vir a sofrer. Acabo por compreender as razões dele ser assim tão inconstante, tão desligado das pessoas quando na verdade ele ainda é mais apegado a elas do que qualquer outra pessoa. Andrea por sua vez é um homem responsável. Não teve outra escolha a partir da altura em que no leito de morte a sua mãe o incumbiu de olhar pelo irmão mais novo e pelo próprio pai. Não se soube libertar, não soube ser jovem inconsequente e não soube o que era a loucura da vida. Licenciou-se, casou-se, separou-se, teve um affair e depois, iludido pela própria sede que tinha de uma oportunidade, juntou-se novamente com a ex-mulher. Voltou a ser um homem infeliz, incompleto e inconformado. Enquanto procuravam o seu caminho para casa, estes dois irmãos aprenderam a libertar todos os seus pensamentos e desejos, todas as suas frustrações e lamentos um com o outro, uns pelos outros e consigo mesmos.
A escrita: Fenomenal! Super simples, divertida, mordaz e muito "terra-a-terra". Nada de floreados linguísticos, metáforas complicadas ou comparações que ninguém percebe. A maneira como Marco e Andrea falavam um com o outro fizeram-me, muitas vezes, ir às lágrimas ora de riso ora de emoção.
Só não dei as 5***** porque Marco não teve o final que eu desejava para ele. Ou se teve, não o pudemos desfrutar!
Excelente opinião! Gostei muito, são este tipo de coisas que me levam a comprar livros novos... Obrigada!
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