Os contos de Aleksandr Soljenítsin
Após o romance e as novelas, a Sextante Editora publica os contos do escritor russo Zacarias Escarcela e outros contos reúne alguns dos últimos textos ficcionais que Aleksandr Soljenítsin escreveu antes de ser expulso da União Soviética, em 1974. Até agora inédita em Portugal, esta coletânea de contos chega às livrarias a 21 de fevereiro.
Depois do romance Um dia na vida de Ivan Deníssovitch e das novelas A Casa de Matriona seguido de Incidente na Estação de Kotchetovka, o terceiro volume das obras do autor na Sextante Editora reúne seis histórias passadas na Rússia do século XX, com muitas referências biográficas e personagens reais.
Escrito em 1965, o conto «Zacarias Escarcela» é um dos últimos
textos «soviéticos» de Soljenítsin. O autor-narrador faz o relato de
um passeio de bicicleta, na companhia da mulher, em busca da
história russa. Neste conto, bem como nos outros que compõem a
presente antologia («A bem da causa», «Miniaturas», «A mão
direita», «Que pena!», «A procissão pascal»), Soljenítsin, poeta das
miniaturas da existência, nunca abdica de uma ironia sempre
presente em surdina, nem de um leve sopro poético que torna o
insignificante em símbolo.
PRIMEIRAS PÁGINAS
Disponíveis aqui.
O AUTOR
Aleksandr Soljenítsin (1918-2008) combateu na Segunda Guerra Mundial e esteve preso e internado em campos de trabalho forçado de 1945 a 1953, após críticas privadas a Estaline. Ilibado na sequência da «abertura» criada pelo famoso discurso de Krutchev denunciando os crimes estalinistas, foi professor e iniciou o seu percurso de escritor nos anos 50. Um dia na vida de Ivan Deníssovitch, classificado por Aleksandr Tvardovski, seu editor na revista Novy Mir, em 1962, como um «clássico», teve a sua publicação expressamente autorizada por Krutchev e foi estudado nas escolas. Mas a vida de escritor de Soljenítsin viria a ser atribulada e reprimida na sequência da recusa pela União dos Escritores da publicação de Pavilhão de cancerosos e da atribuição do Prémio Nobel da Literatura em 1970. Foi expulso da União Soviética em 1974, vivendo na Suíça, em França e nos Estados Unidos até à queda do Muro de Berlim, após o que regressou a Moscovo, em 1994, sendo recebido triunfalmente. As suas obras marcaram indelevelmente a literatura russa do século XX, inserindo-se na grande tradição narrativa de nomes como Tchekov, Tolstoi e Dostoievski.
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