Sou do norte, minhota (Guimarães, cidade berço). Tenho 26 anos. Sou a mais velha de 3 filhos. Amo a minha família, e quando digo família incluo o Fred e a Nina (os meus cães), o Butch (gato), a Bonifácia e Bonificio (as tartarugas).
Não gosto de mentiras nem traições. Amizade para mim é levada ao máximo conceito. Não há meias amizades, ou se é amigo, ou não se é.
Se começam a falar comigo sobre livros é a completa desgraça. Desencaminho-me e desencaminho quem estiver comigo porque é um tema ao qual não me consigo manter indiferente nem à distância.
Sou super emotiva… qualquer coisa mais lamechas e lá estou eu a chorar ‘baba e ranho’ (alturas festivas, então é para acabar).
Se tivesse oportunidade adorava conhecer o mundo de uma ponta à outra. (Mas isso só será possível, se me sair o milhões.)
Tenho imensos defeitos, detesto ser obrigada a fazer alguma coisa (pertenço ao partido oficial do contra por natureza e nunca sai nada de jeito, quando assim é). Tenho dias bons e dias maus, como toda a gente. Não sou, nem quero ser perfeita, mas tenho uma paciência com uma grande capacidade. Mas quando ela se esgota vai tudo à frente sem olhar a nada nem a quem. (Depois arrependo-me, mas isso é outra história)
Adoro conversar. Sou extrovertida e adoro tudo o que seja uma boa experiência, gosto de sentir o gosto da adrenalina num bom desafio radical.
Detesto gente hipócrita e snobe. Machistas, sexistas e racistas.
Vejo muitos desenhos animados e estou constantemente a oscilar entre o mundo real e o meu outro mundo.
2. Tiraste o curso Técnicos de Turismo Profissionais de Informação Turística. Alguma vez este curso te inspirou para escreveres? Quando escrevo, por vezes, ou muitas das vezes, acabo por colocar um pouco das minhas vivências e opiniões sobre determinado aspecto ou situação. Acredito que uma vez que esta experiencia fez parte da minha vida, que acabe de alguma forma por contribuir para o que escrevo, mas não de uma forma consciente. Na altura em que terminei o curso tinha 18 aninhos e escrever não fazia parte dos projectos.
3. Como classificas o tempo que passaste na Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários das Caldas das Taipas? Nunca aí presenciaste momentos que valessem a pena escrever?
Os meus tempos de bombeira voluntária foram em 2004/2005. Foi um curto período de tempo, apesar de ter vivenciado diversas situações que me ajudaram a ter outra percepção das coisas… Cresci em certos aspectos e vi coisas que nunca mais me esquecerei: vítimas de acidentes de viação, de acidentes de trabalho, negligência, etc… Mais uma vez, talvez inconscientemente, vá buscar uma ou outra vivência, mas nunca me debrucei sobre o tema para escrever realmente sobre ele. Ou para que me servisse de inspiração.
4. Porque motivo partiste aos 18 anos para a Suíça?
Supostamente, (sim, porque depois descobri que não era bem assim) não tinha nada que me prendesse a Portugal. Todos nós, em determinada altura da nossa adolescência, início de juventude, temos a ideia de que sabemos tudo sobre a vida e que somos donos e senhores do nosso nariz. Eu só pensava em ter a minha independência(principalmente económica) e como tal, porque não arriscar um país desconhecido? Se por um lado adorei as várias experiências que tive na Suíça, por outro nunca estive tão triste. Senti a falta da minha família a um nível que não consigo explicar. ‘Só sentimos falta de alguma coisa, quando a perdemos’, dei por mim a entrar em desespero e criei uma obsessão por regressar ao meu país. Estive um ano na Suíça e não me adaptei. Eu gosto de sair à rua e perceber o que as pessoas dizem. Ir à padaria e conseguir pedir um café e pão sem ter de decorar as frases pelo caminho. Quando estive na Suíça consegui aprender a falar Italiano, algo de que me orgulho imenso, uma vez que é uma língua muito bela e muito, mesmo muito, parecida ao Português, mas como estava na zona alemã, o italiano só me servia quando estava entre italianos, o que era menos habitual.
5. Assumes-te bibliófila desde os 22 anos. Fazes ideia de quantos livros já te passaram pelas mãos?
Como sabes, existem várias definições para as pessoas que são viciadas na leitura. Eu identifico-me e assumo que sou bibliófila porque não passo sem ler. Todos os livros que tenho foram-me oferecidos por alguém que me é próximo ou comprados por mim mesma.
Quando descobri este gosto e este vicio pelos livros, criei um mapa em Excel, através dele, consigo dizer-te quantos li, quantos tenho por ler, quanto gastei, quantos me foram ofertados, os que gostei mais e os que gostei menos. Desde que comecei a ler assiduamente em 2009 que conto já com 130 livros na minha biblioteca particular. Destes 130, 15 estão por ler.
Sei que o número pode parecer diminuto para muitos, no entanto para mim é um orgulho, ter 130 livros e ter somente 15 por ler. (Espero conseguir reduzir estes 15 muito em breve). Gosto de olhar para os livros e recordar as suas histórias, olhar para eles e só lhes ver a capa não me satisfaz o vício.
Quando começo a ler, seja o que for, faço sempre um reset ao meu cérebro e entro na leitura com mente e espírito aberto. Mas já me aconteceu andar 15 dias a arrastar o livro e não o conseguir terminar. Felizmente essa situação só aconteceu duas vezes. Todos os outros livros foram lidos, alguns devorados, em verdadeiro tempo recorde. (Confesso que quando isto acontece, é quando me rendo completamente à história).
6. Como é que foi o caminho até que o teu primeiro livro começasse a surgir?
Foi uma autêntica comédia e a culpa foi da crise! (Sim, essa mesma, que paira sobre o nosso país e não nos larga nem por nada).
Comecei a escrever nos tempos mortos no meu antigo local de trabalho porque não tinha mais nada para fazer. (É uma declaração esquisita, eu sei, mas foi mesmo verdade. Depois do serviço estar feito, tinha muito tempo morto). As ideias apareceram do nada e fui passando para o pc o que imaginava na minha cabeça. Muitas vezes estava a tratar de assuntos do trabalho e a aperceber-me que a ideia estava ali, a pairar por detrás da obrigação. Trabalho vs Lazer! Então, às vezes, até dava pulinhos na cadeira por querer despachar o serviço que tinha em mãos e debruçar-me sobre a ideia. Falei sozinha, enquanto tentava conjugar as falas. Ri-me tantas vezes da minha triste figura. A minha sorte é que na divisão onde trabalhava era só eu e não existiam câmaras de vigilância, caso contrario teriam pensado que eu era maluca (risos – se calhar sou mesmo - risos). O que dentro em breve será um livro físico não foi ‘nada’ durante muito tempo. Foi escrever por escrever. Sem nenhum objectivo que não fosse aquela sensação de ‘missão comprida’ de cada vez que criava um novo capítulo, um novo diálogo, uma nova cena… De cada vez que sorria como uma parva para o computador como se tivesse encontrado uma mina de ouro ou um mapa do tesouro porque a ideia que tinha acabado de escrever era mesmo genial (para mim, pelo menos). Foi um caminho divertido e relaxado. (Sem stress). Não havia expectativas porque aquilo era só meu, e isso tornou o processo de escrita muito mais divertida. Porque era essa (e continua a ser) a finalidade, escrever para me divertir.
7. Porque é que optaste por escrever uma saga, que conta já com sete livros e tem o oitavo a caminho, e não livros independentes?
Mais uma vez faltam-me palavras para explicar. É estúpido mas esta comparação não me sai da cabeça de momento. Estás a ver quando partes um ovo e deixas cair a gema e a clara numa tigela? Foi mais ou menos o mesmo. Do nada, 6 histórias surgiram na minha cabeça. Títulos incluídos. Princípio meio e fim. Sabia que tinha de escrever aquilo e sabia que o tinha de fazer de forma individual para puder explorar as características das personagens assim como os temas que as minhas histórias incluem.
Pode parecer um pouco louco, ou até levar as pessoas a pensar ‘ai e tal, está a armar-se em estrela’. Não, não estou. Estaria a mentir se dissesse que a história do segundo livro só surgiu depois de escrever o primeiro, porque não foi isso que aconteceu. Primeiro, surgiram os nomes das personagens principais, os títulos e por fim as ideias principais das histórias. Eu limitei-me a compor os meios para atingir os fins. Essa foi a parte mais engraçada. Ter um final pré concebido e imaginado e levar a história toda, conduzir todos os fios desde o ponto de partida até ao ponto de chegada foi (e continua a ser) um desafio interessante e estimulante.
8. O teu primeiro livro, “Ligação”, sairá em Março. Já há novidades acerca do seu lançamento?
Neste momento encontra-se na fase de revisão e ainda não tenho datas concretas para o lançamento. Mas assim que saiba qualquer coisa faço-me ouvir.
9. O que podemos esperar deste “Ligação”?
‘Ligação’ é o primeiro livro da saga Anjos Negros. É um romance sobrenatural enquadrado na literatura fantástica. Ofereço-vos situações da minha realidade, da nossa realidade, vividas por seres que só existem na nossa imaginação, numa história com um pouquinho de tudo. Mistério, suspense, amor, humor, ódio, desprezo, raiva, sensualidade… Como me disse uma amiga uma vez, uma história q.b.
10. Quais achas que foram as principais dificuldades em todo este processo, desde a escrita até à edição?
Sei que me estou a repetir, mas é a pura realidade. O que eu escrevi não era suposto sair da pen. Primeiro, porque não era nada de especial. Segundo, porque durante muito tempo não tive (nem quis) ninguém para partilhar.
Só recentemente a minha família e os meus amigos souberam que eu escrevia. Terceiro, dei por mim a pensar que uma vez que as ideias não estavam registadas, alguém poderia ficar com elas e um dia ver as minhas ideias publicadas por outra pessoa que mas tivesse roubado. (É idiota, eu sei, mas as minhas histórias são o meu pequeno tesouro). Quando finalmente ganhei coragem para partilhar o que já tinha escrito, foram surgindo pessoas (como o Vasco Ricardo e a Vera Carregueira) que me foram explicando como funcionava o mundo da edição, publicação, trocando impressões e por ai fora… Não fazia ideia que o mundo editorial era tão complexo e tão asfixiante. Foi tudo muito novo para mim. Muitas novidades para assimilar, muitas coisas para ponderar. Quando decidi enviar o manuscrito para apreciação das editoras andei um bocado ‘doente’, com a palavra rejeição a pairar sobre a minha cabeça. Não sabia qual seria a opinião de pessoas que me eram totalmente desconhecidas e especialistas na área. Uma coisa é alguém, nosso amigo, nos dizer ‘está muito bom, envia.’ Outra coisa é ficar à espera que uma editora nos dê um parecer. Felizmente, as opiniões positivas foram largamente superiores às menos positivas, e editoras como a Papiro, Chiado, Sítio do Livro, Liríope, entre outras, deram-me um parecer favorável para edição. No entanto, foi a Pastelaria Editora que reuniu melhores condições para que o livro pudesse ser editado.
11. Não temes que a actual crise financeira do país possa condicionar o teu sucesso?
«Audaces fortuna juvat» ‘A sorte protege os audazes’. Vamos ver se a sorte me acompanhara junto dos leitores, ainda que tenha perfeita noção que, tal como acontece comigo, nem todos vão gostar, porque eu também não gosto de todos os livros e géneros que existe ao nosso dispor no mercado. E que, ser autor em Portugal, não é reconhecido como devia de ser.
O povo português não é audaz. Não defende o que é seu com unhas e dentes como fizemos noutros tempos. Primeiro, o que é de fora, depois o que é nosso. Confesso que durante muito tempo, enquanto leitora, também eu não contribuí para o facto de os autores portugueses terem o devido reconhecimento. Mas ando a redimir o meu erro. Tenho seguido bons blogs literários e tenho descoberto autores fantásticos a nível nacional. Felizmente a minha estreia na literatura lusófona tem corrido muito bem. Adorei todos os livros de autores portugueses que li no ano passado como Vasco Ricardo, Carla M. Soares, Francisco Salgueiro e mais alguns. E tenciono continuar a ler em português de portugueses. As minhas leituras nacionais de 2013 começam com Liliana C. Lavado.
12. Depois deste “Ligação”, para quando poderemos esperar o volume seguinte?
Gostava de vos dizer que o segundo volume sairia no mês x ou y. O livro está pronto e concluído. Os leitores ditarão a data do seu lançamento.
13. Quais são os teus autores preferidos?
Ah-ah, a esta pergunta consigo responder de olhos fechados: Sherrilyn Kenyon e J.R. Ward, sem distinções, no mesmo patamar. A maneira como elas escrevem é uma delícia, uma verdadeira droga. O verdadeiro vício apoderou-se de mim depois de ter lido ‘ O abraço da noite da S.K. (É que para variar, comecei a saga dela pelo 3º livro).
14. Quando não estás a escrever, o que gostas de fazer?
Adoro estar com a minha família, (ainda que o esteja quando estou a escrever. Escrevo em qualquer lado, desde que tenha um pc.) Estar com os amigos. Leio, vou ao cinema, vou passear. Brinco com o Fred, a Nina e o Butch. Faço disparates (adoro fazer disparates, ainda não me mentalizei que devia ganhar juízo)… Ouço música, adoro ouvir música. (Oiço música quando escrevo e quando leio). Como gomas e chocolate (a gula é o meu pecado capital). Faço indoor cycling, outro vício… Faço tanta coisa…
15. Deixa uma mensagem aos leitores do blog.
(Não tenho jeito nenhum para estas coisas, mas aqui vai)
Uma oportunidade: é o que eu e os ‘Anjos Negros’ precisamos, para vos mostrar a nossa história. Mente aberta, preconceito pré concebido de lado. Os autores portugueses também escrevem bons livros. Comprem em português, leiam em português. Ainda não encontraram aquela história que vos prendeu de início ao fim? Ainda não descobriram o vosso género literário? Não desistam, mais cedo ou mais tarde, ele acaba por aparecer e vão ver que ler, é das melhores coisas do mundo."