27/04/2023

Opinião | Quero Morrer, mas também quero comer Tteokbokki | Baek Sehee | Guerra & Paz

 

ISBN: 9789897029516
Ano de edição: 2023
Editor: Editora Guerra & Paz
Idioma: Português
Encadernação: Capa mole
Páginas: 192
Tipo de Produto: Livro
Classificação Temática: Livros > Livros em Português > Literatura > Memórias e Testemunhos


Não costumo ler muitos livros deste género, não-ficção, mas este chamou-me logo a atenção. Primeiro porque foi recomendado por alguém por quem tenho grande consideração, o líder da banda Pop Coreana BTS, Kim Nam-Joon, mais conhecido por RM. Segundo porque a cultura asiática, neste caso coreana, sempre me fascinou e fiquei deveras curiosa em como uma jovem adulta coreana lida com algo como depressão, sendo que elas sempre passam a imagem de serem pessoas super alegres e de bem com a vida. Em terceiro lugar, porque achei que seria interessante sair da minha zona de conforto no que diz respeito a géneros de leitura. 

Baek Sehee é uma jovem adulta que trabalha no mundo editorial. Desde muito nova que se sente diferente do resto das pessoas da sua idade. É feliz, mas depois não é. Sente-se satisfeita com a vida que tem, mas depois não está e repreende-se por ser alguém que não consegue ser realmente feliz e satisfeita com o que fez, com quem é e com o que conseguiu alcançar. Gosta de fazer amigos, mas ao mesmo tempo, não gosta como eles começam a gostar dela e faz de tudo para minar as amizades que tem. Gosta de passar despercebida, mas ao mesmo tempo quer ser o centro das atenções, não é racista nem preconceituosa, mas dá por si a dar mais valor a quem estudou numa universidade famosa do que a uma pessoa que estudou numa instituição escolar mais humilde. Baek é uma jovem cheia de dúvidas e de contradições. São esses sentimentos que a fazem procurar alguém que a ajude e serão essas sessões com a sua psiquiatra que nos vai abrir o livro que Baek Sehee realmente é. 
É uma mulher que procura ser feliz com as coisas simples da vida. Quer ser feliz com a pessoa que ama, quer ter amigos verdadeiros e quer escrever. Sentir-se reaizada. 
Se por um lado ela passa a ideia de ser apenas mais uma rapariga insatisfeita, incoerente e frívola, por outro lado, Baek mostra-nos todas as suas fraquezas. Tudo o que a faz sentir-se menos que os outros quando, na verdade, só quer sentir-se normal e incluída.

Este livro deveria ser lido por toda a gente. Não só por quem sofre de depressão, não só por quem se sente da mesma forma que Baek Sehee e não o sabe descrever ou perceber. Há um termo para quem se sente numa depressão constante: Distimia. Embora não se saiba ou seja muito falado, que sofre desta condição é caracterizado pela irritabilidade, baixa autoestima, tristeza, desânimo, pessimismo e mau humor. Também chamada de transtorno depressivo persistente, tal distúrbio afeta de 3 a 5% da população mundial. E é mesmo assim que Baek se sente. Não  tem auto estima, mas ao mesmo tempo é vaidosa. Não quer saber do que os outros pensam de si, mas depois faz de tudo para os agradar. 

Neste pequeno livro, que embora seja mesmo pequeno, tem de ser lido com muita atenção, para que consigamos perceber e captar todas as mensagens que ele transmite.
Acho que Baek Sehee teve uma coragem incrível em escrever este livro e expôr a todos todo o seu interior e todos os seus sentimentos. A meu ver, este livro ajuda e esclarece muitas dúvidas que tantas pessoas podem ter acerca de si mesmos e a terem coragem e a iniciativa de procurarem ajuda. Muito provavelmente, se ela não tivesse procurado ajuda profissional, hoje em dia este livro não existiria e tantas pessoas não saberiam que se pode ser feliz mesmo que haja dias em que se esteja afundado numa depressão constante. 

Poderia ficar aqui a tarde inteira a escrever sobre o que este livro me transmitiu que ainda não seria o suficiente. Sei que cada um que o leia vai ter sentimentos diferentes dos meus e dos de tantas outras pessoas que já o leram pois é um livro que carrega tanta carga emocional e pessoal que cada um tirará as suas próprias conclusões.

Recomendo!

*Este exemplar foi cedido pela editora em troca de uma opinião honesta.

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