15/06/2022

Opinião | Tudo o Que Somos Juntos | Alice Kellen | Editorial Presença


Que acontecerá a Axel e Leah?
Passaram três anos desde a última vez que se viram. Agora, Leah está quase a concretizar o seu sonho: expor numa galeria. E, apesar do que aconteceu, Axel tem de fazer parte de um momento como este.

Quando os seus caminhos voltam a cruzar-se, Leah precisa de tomar decisões que podem mudar tudo, porque, apesar do que se passou, todas as memórias continuam ali, tão presentes: intactas, maravilhosas, únicas, espreitando em cada brecha, todos os dias. Porque ele continua a ser aquele que ela não esqueceu. Ele é o mar, as noites estreladas e os vinis dos Beatles.

Porque, às vezes, basta deixar acontecer para termos tudo.

    A leitura deste segundo livro da série Deixa Acontecer deixou-me com sentimentos algo contraditórios. Se no primeiro livro a minha personagem preferida foi  Leah, pela tenacidade dela, pela força interior que sempre revelou ter, neste segundo livro, ela começou a chatear-me um bocadinho. Não no início, pois no início, temos uma Leah que, após três anos separada da pessoa que ela amava desde muito pequena, aprendeu a estar sozinha (não totalmente pois arranjou uma pessoa que a ouvia e a amava assim como ela era), uma Leah que tinha dado uma volta à sua vida e que demonstrava que ninguém morre por ter um coração partido e espezinhado, tal como ela julgava que tinha acontecido com ela. No entanto, no decorrer da leitura, deparamo-nos com uma Leah que, afinal de contas, não conseguiu fazer as pazes com o passado e, bem vistas as coisas, nem com o presente.
    Contrariamente, se Axel no primeiro livro me pareceu um pouco imaturo e inconsequente, neste segundo livro conquistou-me por completo. Temos um Axel maduro, responsável e mais sensível ao que o rodeia. Já não tem medo de enfrentar as consequências das suas escolhas, mesmo quando são situações difíceis. Torna-se mais atento aos pais que tanto ama e ao irmão que, não sendo Oliver, o seu melhor amigo, sempre esteve presente nos maus momentos dele e sempre o ajudou a ultrapassar as más fases. É o tipo de personagem que, não dando muito nas vistas, acaba por nos chamar a atenção. 
    Assim que Leah e Axel se reencontram, tudo o que eles tinham reprimido vem ao de cima, e se ao início Leah não quer nem ouvir falar nele, assim que começam a encontrar-se mais vezes tudo o que eles passaram juntos, tudo o que sofreram, tudo o que viveram, apanhou-a e ela não teve outro caminho a não ser aceitar que a sua vida sem Axel se calhar não era a mesma coisa.
    Agora perguntam-me: Porque é que ela te chateou? Eu respondo: Porque a certa altura parece-me que ela deixou de saber quem era. Tornou-se uma marioneta nas mãos dos outros, deixou de ter personalidade e acabou por quase ignorar aquilo que o seu coração lhe pedia desde que havia reencontrado Axel. Não gostei da forma como ela passou a ser algo ciníca em relação as pessoas boas que a rodeavam e a como ela perdeu o norte numa fase da vida em que tudo, mas tudo, lhe corria bem. Tinha vezes que me parecia uma criança mimada a quem tinham dito não a algo que ela queria. Ter personalidade forte não é sinónimo de se ser obstinada e teimosa. 
    Aspectos bons deste segundo livro? Muitos. O amadurecimento de um Axel que já todos gostávamos, a presença constante da família na vida tanto dele como dela. A forma como grande parte do livro é passado em Paris e nos dá a conhecer lugares e recantos extremamente românticos da cidade do amor e a forma como, no final, as coisas acabaram por acontecer, voltando a dar a Leah aquelas características tão singulares nela que todos nós gostamos no primeiro livro.
    Apesar de ter gostado mais do primeiro livro, de facto, esta é uma duologia que não podem perder. Não há livros perfeitos, apenas interpretações diferentes e o que para mim pode ter um significado, para vocês pode ser uma leitura do outro mundo. Esta é a magia dos livros e estes dois livros em particular, merecem ser lidos e apreciados!

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