Com dezasseis anos, Cinder é considerada pela sociedade como um erro tecnológico. Para a madrasta, é um fardo. No entanto, ser cyborg também tem algumas vantagens: as suas ligações cerebrais conferem-lhe uma prodigiosa capacidade para reparar aparelhos (autómatos, planadores, as suas partes defeituosas) e fazem dela a melhor especialista em mecânica de Nova Pequim. É esta reputação que leva o príncipe Kai a abordá-la na oficina onde trabalha, para que lhe repare um andróide antes do baile anual.
Em tom de gracejo, o príncipe diz tratar-se de «um caso de segurança nacional», mas Cinder desconfia que o assunto é mais sério do que dá a entender.
Ansiosa por impressionar o príncipe, as intenções de Cinder são transtornadas quando a irmã mais nova, e sua única amiga humana, é contagiada pela peste fatal que há uma década devasta a Terra. A madrasta de Cinder atribui-lhe a culpa da doença da filha e oferece o corpo da enteada como cobaia para as investigações clínicas relacionadas com a praga, uma «honra» à qual ninguém até então sobreviveu. Mas os cientistas não tardam a descobrir que a nova cobaia apresenta características que a tornam única. Uma particularidade pela qual há quem esteja disposto a matar.
Por onde devo começar esta opinião (é sempre a minha grande dificuldade)?
Para começar, dizer que já tinha visto este livro há algum tempo, mas não sei porquê nunca tinha tido grande curiosidade em lê-lo. Talvez por tratar-se de tecnologias e afins. A seguir dizer, que foi por causa da minha amiga Cata (do blog Páginas Encadernadas) que o comecei a ler. Isso porque criou-se um grupo de leitura para ler e discutir este livro. Li-o em inglês , em formato ebook, se calhar por estas razões, os primeiros treze capítulos foram mais "penosos" de ler. Isto porque, apesar de adorar a língua, muito raramente leio em Inglês. Engraçado que depois de começarmos a ler numa língua diferente da nossa, começamos a pensar também num idioma diferente do nosso, neste caso em english. Bem, dispersões à parte, o que achei eu do livro?
Fiquei muito surpresa pelo rumo que a história levou e ao mesmo tempo achei imensa piada às semelhanças com a história original da Cinderela. A cena da madrasta má, das irmãs (embora uma delas seja amorosa), a cena do baile, do vestido sujo e, inevitavelmente, do Príncipe.
Cinder é uma mecânica, da cidade de Pequim, metade humana, metade ciborgue. Ou melhor, 36% ciborgue. Vive sob a guarda da sua madrasta (guardiã) Adri e tem Pearl (a irmã má) e Peony (a irmã boa). Foi adoptada algures na Europa pelo marido de Adri, que entretanto, morreu devido à Letumose (uma doença contagiosa que se propaga por todos os cidadãos daquela cidade). Não quero alongar-me muito e começar a estragar-vos a leitura, pois uma opinião não tem esse propósito. Ao longo da história, e apesar de Cinder ser ciborgue, reparamos que toda ela é sensações e sentimentos. Apaixona-se pelo Príncipe Kai, que entretanto também perdeu o seu pai, o Rei, para a Letumose. Em vista a uma paz terrestre, Kai tem de casar-se com a Rainha Levana, Rainha da Lua, ou como eles tantas vezes referem, Rainha Lunar. Quando Levana aparece em cena, acabo por não conseguir discernir muito bem quem é a rainha má da história da Cinderela. Se Adri (A guardiã de Cinder), ou se Levana.
Por todo o reino os lunares são criaturas não bem-vindas à Terra e quando Kai dá a entender que tem de casar-se com a rainha, todos os habitantes ficam revoltados.
Kai não tem noção de que Cinder é uma ciborgue e apaixona-se por ela, dificultando em muito, as intenções de se casar com outra, ainda por cima alguém que ele detesta.
Grandes descobertas sobre Cinder são feitas durante o livro (não vos vou spoilar, porque não gostaria que o fizessem comigo), mas a partir do 5º capítulo, mais ou menos, já estava completamente "dentro" da história.
A escrita de Marissa Meyer é muito boa, tendo em conta que tem de, obrigatoriamente, usar termos técnicos de robótica. Termos esses que chegam até nós, leitores, de uma forma muito simples e compreensível.
Não gostei muito do final, mas tendo em conta que tem continuação, acho que se justifica a maneira como termina. Gostaria de ver um Kai mais combativo e mais duro no segundo livro. Um homem que lutasse pelo amor que existe entre ele e Cinder, apesar de tudo.
Recomendo