Opinião | Eu Sei o Que Vocês Fizeram | Dorothy Koomson | Porto Editora

 

E se os segredos dos seus vizinhos lhe caíssem nas mãos, na forma de um diário?

E se a mulher que o deixou fosse assassinada por uma das pessoas de que fala esse diário?

E se a polícia lhe perguntasse se sabia alguma coisa?

Entregaria o diário?

Ou tentaria descobrir os segredos de cada um?

Eu sei o que fizeram é o thriller viciante da Rainha das Revelações.

    Antes de passar para a opinião propriamente dita, deixem-me dizer-vos que a cada livro que leio desta autora, gosto mais dela. Até hoje só li quatro livros dela (os mais recentes) e adorei todos eles. É uma autora que me conquistou desde a primeira linha, do primeiro livro que li dela. Há autoras/es assim, felizmente.

    Este novo livro de Dorothy Koomson é, de facto, absolutamente fantástico. Desde a primeira página até à última, onde, supostamente, já estaria tudo revelado.

    Uma história sobre uma pequena comunidade de moradores que, à primeira vista seriam apenas vizinhos. Daqueles que, quando saem de casa pela manhã e se encontram na rua, cumprimentam-se cordialmente e seguem caminho. No entanto, por baixo desta imagem pacificadora de uma comunidade de vizinhos, escondem-se muitos segredos. De toda a gente. Incrivelmente, todos os vizinhos acabam por estar todos ligados uns aos outros, sem sequer se darem conta disso. 

    De uma forma magistral, a autora consegue revelar-nos cada pensamento e cada segredo da cada um dos intervenientes desta trama. A linha que os une a todos é ténue, mas ao mesmo tempo e a cada dia que passa entrelaça-se mais e no final, bastará apenas puxar uma ponta para soltar tudo. Desde Priscilla, a vizinha solitária, mas elitista e com a mania que é melhor que todos os outros, até Dunstan, o policia atraente que chama a atenção por onde passa, embora não tenha conscência disso e que também tem telhado de vidro.

    Obviamente, apesar de ser Priscila a pessoa que desencadeia todo o rol de acontecimentos, pela sua curiosidade e mania de se meter na vida dos outros sem que ninguém sequer se aperceba disso, será Rae, a vizinha elegante e simpática, com uma família exemplar, que é a personagem principal. Pelo menos, da minha perspectiva. Traz uma bagagem passada muito pesada e, em tempos de pandemia sofreu mais do que qualquer outra pessoa, por causa do seu transtorno obsessivo que, apesar de controlado, agrava-se com o aparecimento do Covid. *Mais um aspecto que achei de muito bom gosto. Apesar de estarmos todos fartos pelos tempos duros que passamos durante o pico da pandemia, também queremos saber como as outras pessoas passaram por esta fase, tanto nos livros, como nas séries e filmes. Acho que tem sido uma fase importante na História Mundial e que deve constar para as gerações futuras.*

    Não sou das melhores pessoas para opinar sobre um thriller, apesar de ao longo destes anos ter descoberto que afinal de contas não gosto só de romances lamechas, mas acho que este foi escrito na perfeição. Não ficaram pontas soltas (o que é óptimo, na perspectiva do leitor), a autora teve a sensibilidade de não complicar, o que pode acontecer quando se tem várias personagens de destaque e se salta no tempo, como é o caso deste livro, tem algum romance, algumas cenas mais quentes mas de uma elegância impecável, alguma cumplicidade entre algumas personagens, mistério quanto baste e revelações surpreendentes o suficiente para ficarmos a pensar na forma como foi o desfecho, durante algumas horas ainda depois de terminar a leitura.

    

    Este livro tem tudo para ser um dos mais lidos este ano. E vou continuar a seguir Dorothy Koomson com toda a minha atenção!