03/03/2022

Opinião | A Biblioteca da Meia-Noite | Matt Haig | TopSeller


Se pudesses escolher a melhor vida para viver, o que farias?

No limiar entre a vida e a morte, depois de uma vida cheia de desgostos e carregada de remorsos, Nora Seed dá por si numa biblioteca onde o relógio marca sempre a meia-noite e as estantes estão repletas de livros que se estendem até perder de vista. Cada um desses livros oferece-lhe a hipótese de experimentar uma outra vida, de fazer novas escolhas, de corrigir erros, de perceber o que teria acontecido se tivesse escolhido um caminho diferente. As possibilidades são infinitas e vários horizontes se abrem à sua frente.

Mas será que algum desses caminhos lhe proporciona uma vida mais perfeita do que aquela que conheceu? Na altura da escolha final, Nora terá de olhar para dentro de si mesma e decidir o que de facto lhe preenche a vida e o que faz com que valha a pena vivê-la.

A Biblioteca da Meia-Noite transformou-se num bestseller a nível internacional, com um milhão de livros vendidos em todo o mundo.

    Fico muito satisfeita por ter escolhido este livro para ser o meu primeiro livro do ano de 2022. Não podia ter começado de maneira melhor. Muitas vezes, quando saímos da nossa "zona de conforto" no quie diz respeito a leituras, somos sempre surpreendidos pela positiva. Tenho tido a sorte de, em todos os livros que geralmente não leria, ser sempre apanhada de surpresa.

    Neste livro (maravilhoso) temos Nora Seed. Uma jovem que, ao longo do caminho até ali, sempre pensou que tinha feito as escolhas erradas. Dá por si sem trabalho, sem amigos, sem família e sem sequer o seu animal de estimação que, por culpa dela ou não, acaba por perder a vida sozinho. O irmão não lhe fala, o dono da loja onde ela trabalhou, pelo menos, metade da sua vida depois de desistir da natação de competição, vai fechar a loja por falta de "fundos" e ela é despedida. O amigo que tinha na sua adolescência e parte da juventude não suporta sequer conversar com ela porque ela decidiu acabar com a banda musical que tinham há anos e que podia ter sido um sucesso. O Pai morreu, a mãe morreu e a melhor amiga foi sozinha viver o sonho para o outro lado do mundo, sem ela. O amor que tem pelos glaciares desde sempre ficou arrumado no fundo do baú de todas as possibilidades que ela poderia ter vivido e, cereja no topo do bolo, o namorado que outrora tinha, acabou tudo com ela porque ela não quis viver o sonho dele. Deixem.me que vos diga: É uma vida mesmo, mesmo lixada a da nossa doce Nora. Não admira que, a certa altura e farta de fazer sempre as piores escolhas para si e que afectam todos à sua volta. Nora decide por fim à vida, mas nem isso lhe corre bem pois ela vê-se presa numa espécie de "limbro" entre a vida e a morte, transformado numa biblioteca onde as horas nunca passam e o relógio está sempre na meia-noite.
    Será nessa biblioteca da vida de Nora, que ela vai ter oportunidade de ter acesso ao livro de todos os seus arrependimentos e, quem sabe, ao tomar conhecimento pleno deles, poderá voltar atrás e refazer todas as decisões que fez e saber qual a decisão que foi tão mal tomada que mudou toda a sua vida.
    Será uma viagem cheia de aprendizagens. Nora vai aprender a viver com os seus arrependimentos e, talvez, dar-se conta de que por mais que ela decidisse de outras formas, em várias alturas da sua vida, qualquer decisão dela, afectaria irremediavelmente, cada pessoa que fazia parte da vida dela. 
    Provavelmente, todos nós, em alguma altura da vida parámos e olhamos para trás em busca daquele momento crucial em que tomamos uma decisão que mudou todo o rumo da nossa vida. Por mais oportunidade que tenhamos de mudar o destino, a vida que temos será sempre aquela que é a certa para nós. A vida é feita de arrependimentos, de erros e de decisões mal tomadas. Isso é o que faz da vida algo tão bonito de ser vivido e Nora, efectivamente, aprenderá que a vida dela, se calhar, não era tão má como ela julgava e que, afinal de contas, viver sozinha ou não, com mais ou menos sofrimento, é bom e é algo que devemos respeitar e estimar com tudo o que temos e não desperdiçar momentos preciosos a pensar "E se...?".

    Este livro é uma caixinha de surpresas e uma viagem incrível pelas vidas (decisões) de Nora enquanto "prisioneira" daquela sua biblioteca onde as horas não passam e, se passarem, é muito, mas muito mau sinal!

    Recomendo vivamente!
GoodReads

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