Sara é uma mulher livre, independente e igualmente solitária. Com a aproximação dos quarenta anos, agarra-se à sua profissão para atingir a sua realização pessoal e faz da sua casa o seu refúgio, da sua vida um enigma. E é essa a sua forma de viver, onde usa as suas rotinas para se sentir segura.
Quando Santiago entra na sua perfeita existência e lhe vira a vida do avesso, ela irá perceber que, por vezes, o avesso é o lado certo. Mas quando tudo parece perfeito, os acontecimentos irão mostrar-lhes que a realidade pode mudar num instante e que juntos, terão que ultrapassar as dificuldades impostas pela própria vida.
Conseguirão fintar o destino e reescrever a história à sua maneira?
Um romance que aborda as relações pessoais no emprego, a diferença de idade e a descoberta do amor sem limites.
(Pode Conter Spoilers....Ou não)
Antes de mais, agradecer à autora C. Gonçalves por ter tido a amabilidade de me contactar e escolher para ler e opinar sobre o seu primeiro romance. Um dos grandes objectivos deste blogue é divulgar e ajudar os nossos autores a serem conhecidos e reconhecidos.
Agora, em relação ao livro. A capa é apelativa e por aí é já um passo dado para cativar a atenção do leitor. Como todos sabemos, o conteúdo é o que mais importa mas, os olhos também comem, como se costuma dizer.
O livro traz-nos a história de Sara, uma mulher já nos seus quase quarenta anos, atraente, bem sucedida, inteligente e independente (até demasiado). Tem os seus dias rotinados e não gosta de fugir aos horários e hábitos que, ao longo dos anos, foi adquirindo e que sempre achou que seriam os mais confortáveis para ela, para a sua tranquilidade e paz interior. Marido não tem, nem tão pouco namorado. Nunca sentiu aquele clique com ninguém, pelo menos não que valesse a pena mudar toda a sua vida em prol desse homem. Trabalha numa empresa de Recursos Humanos, na qual tem um cargo importante e, como não podia deixar de ser, as suas rotinas. É quando o seu chefe chega à conclusão de que ela precisa de ajuda no trabalho que ela conhece Santiago. Um jovem de vinte e sete anos que concorre à vaga de assistente à Dra. Sara. Entre muitos candidatos, é o escolhido e será ele que irá virar o mundo de Sara ao contrário. É um homem atraente e carismático. Um jovem bem educado e paciente, de modos calmos e galantes, que aos poucos derruba as barreiras de Sara e vai entrando no seu mundo organizado e perfeitamente tranquilo, fazendo com que Sara experimente vários sentimentos que antes não conhecia: medo, apreensão, paixão, luxúria, desejo e um amor imenso.
Há muitos anos atrás seria impensável uma mulher de trinta oito anos apaixonar-se por um miúdo de vinte e sete e, ao que parece, hoje em dia, há também esse preconceito. Toda a gente acha estanho uma relação entre pessoas com uma diferença de idade tão grande, principalmente quando é a mulher a mais velha, mas há que saber lutar contra os preconceitos em prol do que a vida tem de bom e é isso que Sara e Santiago fazem. Juntos enfrentam todas as "pedras" que a vida lhes vai atirando e no final pode-se dizer que ganhou a força maior.
Agora, vou fazer algo que não costumo muito fazer nas minhas opiniões e faço-o com todo o respeito e com a maior sinceridade, também por "conhecer" a autora deste livro.
Pontos positivos:
Capítulos pequenos, o que ajuda numa leitura rápida e não demasiadamente densa.
A escrita fluída e simples que também é uma ajuda para o leitor não cair numa leitura demorada e "chata".
A simplicidade do background das personagens que não abre caminho para grandes complicações e a alguns "nós" cerebrais como muitos autores caem na tentação de fazer.
A história em si está muito bem pensada porque, a bem ou a mal, trata do tema do preconceito social em relação, neste caso, às idades e ao facto de uma mulher ser mais poderosa do que o homem numa empresa.
Os últimos capítulos proporcionam-nos bons maus momentos (sei que ficou estranho, mas quem leu o livro percebe), em que tudo é posto em causa e, novamente, será a força que os une desde que se conhecem que vai permitir que mais um acidente de percurso seja ultrapassado. Achei o final muito, muito fofo e dentro da realidade. Nada de grandes "piruetas" a fim de se acabar em grande. A autora opta por acabar o livro de forma suave e duradoura, sabemos de antemão, que ficarão juntos e felizes para sempre.
Como já disse no início, a capa e a sinopse que apela à leitura e abrem perspectivas muito boas de uma boa leitura.
Pontos negativos (e, tendo já sido leitora beta, várias vezes, tanto de autores nacionais como estrangeiros, a autora deveria ter atenção e tentar, em futuras edições, rectificar com a editora)
A repetição de algumas frases várias vezes ao longo do livro. São situações que acabam por "cansar" um pouco o leitor. Expressões como "Isto é mau. Isto é muito mau..." várias vezes no mesmo capítulo e várias vezes a longo do livro, faz com que o leitor comece a cair na tentação de revirar os olhos e começar a contar quantas vezes ela repete essa frase.
Os diálogos parecem um pouquinho forçados, principalmente entre Sara e Santiago. Nem sempre é preciso dizerem o nome um do outro sempre que estão juntos a conversar. Não sei se me estou a fazer entender. Geralmente, quando falamos com alguém durante algum tempo, não estamos sempre a acabar uma frase a dizer o nome da outra pessoa, tipo: "Olá, Vera. Está tudo bem contigo, Vera?". Se estão a falar comigo não é preciso dizerem o meu nome a não ser que estejam outras pessoas presentes.
Os nomes carinhosos (lamechas) em demasia, ou de modo exagerado, tipo "meu doce", "miúda doce" (e neste caso até fica um pouco estranho porque ela já é uma mulher feita e ele é que é um miúdo), e as frases de amor usadas demasiadas vezes, "és o amor da minha vida", "és o meu Mundo", coisas assim. Não digo para não ser usado uma vez por outra, mas quando se utiliza demasiado torna-se algo "melado".
Por último, a edição do livro. Encontrei vários erros editoriais. Palavras incompletas, outras mal formadas. Alguma pontuação utilizada de forma errada que tiram o significado da frase ou faz com que o leitor tenha de ler várias vezes até fazer sentido.
No geral, gostei de ler a história de Sara e de Santiago. Gostei de ser "levada" a sítios que conheço, como o Parque das Nações, Porto, o Mercado da Ribeira. As referências ao nosso lindo Alentejo, que ainda não conheço mas que ainda fiquei com mais vontade de conhecer. Por isso gosto muito de ler histórias que se passem em Portugal. No final, não deixei de reparar que a autora teve a amabilidade e o bom gosto de referir os Açores ;-). Gostei também de que este seja mais um livro recheado de boas personagens. Gostei imenso do irmão de Santiago e dos pais dele. Gostei também muito de Ana, a melhor amiga de Sara, sempre às voltas com os seus processos no tribunal e com os seus dois filhos amorosos.
Espero que a autora não leve a mal a minha opinião e os pontos que referi, mas uma opinião tem de ser a mais sincera possível e não podia deixar de falar tanto na história como nos elementos que melhoram e fazem um livro ficar-nos na memória. Espero que, havendo um futuro livro, quem sabe sobre a Ana e o Salvador, a autora lembre-se de mim :-)
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