06/02/2023

Opinião | Antes que o café Arrefeça | Toshikazu Kawaguchi | Presença

 
O que faria se pudesse voltar atrás no tempo?
Um romance tocante e inspirador.

Um rumor circula por Tóquio. Escondido num pequeno beco da cidade, dentro de uma cave, há um café com mais de cem anos. Com uma chávena bem quente, se nos sentarmos no lugar certo, oferecem-nos algo mais: a hipótese de voltar ao passado. Em Antes Que o Café Arrefeça, acompanhamos as viagens de quatro mulheres que procuram regressar a momentos determinantes das suas vidas para os mudar: falar com o namorado que partiu, ler a carta do marido com Alzheimer, ver a irmã pela última vez e conhecer a filha que nunca viu. Mas as viagens no tempo têm condições e riscos… e nada do que façam vai alterar o presente.

Uma mesa, um café e uma decisão.
Uma história sobre o amor, o tempo perdido e as oportunidades que o futuro nos reserva.

Há uns tempos atrás, estava eu nas compras e, na secção de livros, este livro, muito por causa do seu título, chamou-me a atenção. No entanto, não o comprei. Tempos mais tarde, vi-o novamente numa campanha e, estupidamente, voltei a não comprar. Porquê? Não sei. Apesar de ter achado a sinopse muito interessante e um pouco fora do que habitualmente leio, nunca senti aquela compulsão para o comprar. Até ao dia em que quis comprar e estava esgotado em todo o lado, inclusive online.
A oportunidade de ler este livro deu-se quando decidimos, eu e mais duas amigas do mundo literário, criar um Challenge Book Club, onde tanto temos as leituras referentes ao tema daquele mês, e estas são livres e, uma outra vertente que é a Leitura Conjunta e, esta, consiste em ler o mesmo livro, mais ou menos ao mesmo ritmo, durante aquele mês. O livro escolhido para a primeira leitura conjunta do nosso clube de leitura foi este, felizmente, caso contrário, provavelmente não o teria lido tão cedo.

Este livro é composto por quatro partes, todas elas distintas, mas todas elas ligadas umas às outras. A única dificuldade constante ao longo deste livro é tão só o inicio de cada parte, muito devido à dinâmica dos nomes em japonês que nos confundem um pouco em distinguirmos quem é quem, sendo que praticamente todas as personagens aparecem em todas as partes. Pelo menos para mim, apenas os inícios de cada parte é que me deixavam sempre pouco à vontade na leitura, quase como se não conseguisse avançar normalmente, de resto, a leitura fluía de uma forma leve e lógica. 
Dizer que este livro apanhou-me completamente de surpresa é dizer pouco. Como disse antes, sabia que ia ser interessante, mas, para além disso também foi um mensageiro. Cada parte do livro enviou-me uma mensagem ou uma lição de vida. Não me admira nada que tenha passado tão despercebido mas que tenha surpreendido tantos leitores. É de uma sensibilidade de escrita e de emoções admirável. Lição que tenha tirado da leitura deste livro acho que terá sido a mesma que quase todos nós que lemos tiraram. Aproveitar o presente para dizermos tudo o que queremos dizer às pessoas que estão à nossa volta e que mais tarde poderão não estar. Não deixar nada por dizer, nada por fazer e desculpa nenhuma por pedir. Ser feliz e agir de modo que os outros também possam ser felizes e compreendidos por nós e nós por eles. Não viver com arrependimentos e com aquela sensação de : "e se eu tivesse dito.. e se eu tivesse feito..." De todas as histórias, de quatro mulheres magníficas e fortes que nos são apresentadas, a que mais gostei foi e a que mais me tocou foi, sem qualquer sombra de dúvida, a última... A história de uma jovem mãe que não queria mais nada a não ser colocar a sua filha no mundo, sendo saudável e forte, mas, a certa altura ter de optar por ser uma mãe ausente ou não ser mãe, de todo, sacrificando assim a vida da sua filha pela dela. Sendo mãe, nem consigo imaginar a dor e ao mesmo tempo a alegria daquela mãe ao ver a filha que, a tanto custo, queria colocar no mundo, fosse como fosse. Foi enternecedor e, ao mesmo tempo, triste até dizer chega, a forma como aquela mãe nunca colocou o seu amor em causa.
Em relação às outras três histórias, são também muito boas e, a seu modo, também muito tristes e ao mesmo tempo reveladoras do quanto a humanidade ainda pode evoluir emocionalmente.

Este é um livro que eu recomendarei sempre que puder!!

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