17/11/2020

Opinião | A Grande Solidão | Kristin Hannah

1974, Alasca. Indómito. Imprevisível. E para uma família em crise, a prova definitiva. Ernt Allbright regressa da Guerra do Vietname transformado num homem diferente e vulnerável. Incapaz de manter um emprego, toma uma decisão impulsiva: toda a família deverá encetar uma nova vida no selvagem Alasca, a última fronteira, onde viverão fora do sistema. Com apenas 13 anos, a filha Leni é apanhada na apaixonada e tumultuosa relação dos pais, mas tem esperança de que uma nova terra proporcione um futuro melhor à sua família. Está ansiosa por encontrar o seu lugar no mundo. A mãe, Cora, está disposta a tudo pelo homem que ama, mesmo que isso signifique segui-lo numa aventura no desconhecido. Inicialmente, o Alasca parece ser uma boa opção. Num recanto selvagem e remoto, encontram uma comunidade autónoma, constituída por homens fortes e mulheres ainda mais fortes. Os longos dias de verão e a generosidade dos habitantes locais compensam a inexperiência e os recursos cada vez mais limitados dos Allbright.

À medida que o inverno se aproxima e que a escuridão cai sobre o Alasca, o frágil estado mental de Ernt deteriora-se e a família começa a quebrar. Os perigos exteriores rapidamente se desvanecem quando comparados com as ameaças internas. Na sua pequena cabana, coberta de neve, Leni e a mãe aprendem uma verdade terrível: estão sozinhas. Na natureza, não há ninguém que as possa salvar, a não ser elas mesmas. Neste retrato inesquecível da fragilidade e da resiliência humana, Kristin Hannah revela o carácter indomável do moderno pioneiro americano e o espírito de um Alasca que se dissipa - um lugar de beleza e perigo incomparáveis. A Grande Solidão é uma história ousada e magnífica sobre o amor e a perda, a luta pela sobrevivência e a rudeza que existe tanto no homem como na natureza.

Este foi um dos poucos livros que li em conjunto com outros leitores este ano e devo dizer que fiquei muito, mas mesmo muito surpreendida com o que li.
Nunca tinha lido nada desta autora e fiquei completamente rendida à forma como ela escreve. Simples e directa, mas ao mesmo tempo viciante e cheia de pormenores que nos coloca a todos no centro de tudo o que se passa, seja bom, mau ou até mesmo horrendo.
Este livro traz-nos a história de Cora, Ernt e Leni. Um casal e a sua filha de treze anos que dá uma volta completamente abismal de, em 1974, mudarem-se de malas e bagagens (poucas) para um Alasca indómito e selvagem. Ernt, o pai, é um homem trabalhador e honesto, mas completamente quebrado pelo que passou no Vietname. Está completamente fora de controle dele e da família aquilo que se lhe passa pela cabeça e o comportamento errático e violento que a guerra lhe conferiu.
Cora, a mulher e porto de abrigo tanto do marido como da filha Leni, ampara os golpes de todos os lados, recusando-se a abandonar a vida difícil e triste que leva ao lado do marido. Como se diz, "família unida, jamais será vencida". Tenta por tudo apoiar o marido pois sabe que, outrora, eles conseguiram ser uma família feliz e organizada. É por esses tempos que ela luta e permanece teimosamente ao lado de Ernt. Por seu lado, a pequena Leni vai passando os seus dias de infância e adolescência agarrada a uma família disfuncional e a viver num Alasca agressivo e pouco amigável a quem por lá decide viver.
Depois de tantas tentativas de recomeços falhados, o Alasca, dentro da sua beleza inóspita e indomável aparece como a derradeira tentativa de serem felizes novamente. Quando digo que muitas vezes o leitor se sente transportado para o centro de tudo o que acontece, é exactamente porque a autora consegue descrever-nos, com pormenores exactos e precisos tudo o que acontece. Todas as sensações e todos os lugares são-nos colocados à frente dos olhos de bandeja e tão vivídos que quase conseguimos sentir na pele o frio cortante e a violência dos Invernos no Alasca.
No entanto, apesar da tentativa de recompor as coisas, há alturas em que não há mesmo nada o que se possa fazer para combater um presente danificado e um futuro sombrio.
Este livro não é apenas sobre uma família quebrada que, do nada, decide partir para o desconhecido. É uma história muito crua e muito verdadeira sobre as dificuldades que a vida, muitas vezes, nos oferece sem que tenhamos de pedir ou merecer. Uma história de tragédia, em que nem sempre o amor cura tudo, violência, medo, solidão, resiliência, força, medo e esperança. 
A forma como Leni cresce no meio de tanta coisa e, mesmo assim, consegue manter amor e esperança no coração é, de facto, notável.
Uma história arrebatadora que me fez chorar em muitas alturas e sentir o coração apertadinho por tudo o que estava a acontecer a muitas das personagens que vamos conhecendo ao longo da leitura.
Já li este livro há imenso tempo mas continua a vir-me várias vezes à memória tudo o que li e tudo o que senti. Poderia estar aqui a contar tudo o que acontece mas, sinceramente, acho este livro bom demais para ser contado. Tem de ser lido e sentido devidamente.

Recomendo!!!

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