10/01/2019

Opinião | Crenshaw - O Grande Gato Imaginário | Katherine Applegate | BookSmile

Amigo é aquele que surge no momento certo para te lembrar do que é importante. 
A curta vida do Jackson nunca foi muito fácil, nem muito parecida com a dos outros miúdos. A sua família tem vivido tempos difíceis. Desde que o pai ficou doente e a mãe perdeu o emprego, tem sido mais difícil pagar a renda, a mobília tem desaparecido e nem sempre há comida em casa. Os seus pais, a sua irmã mais nova e a cadela podem acabar a morar na carrinha. Mais uma vez. 
O Crenshaw é um gato. É grande, quase gigante, ferozmente sincero e… imaginário. Voltou a surgir na vida do Jackson para o ajudar. No início, pareceu apenas atrapalhar. Foi ficando e recusou-se a desaparecer. Mas no momento certo, lembrou ao Jackson que a sinceridade e a amizade podem fazer a diferença.
Será um amigo imaginário o suficiente para salvar esta família de perder tudo?
Uma história profunda e mágica sobre a importância da família, da amizade e da esperança.

(Pode Conter Spoilers) 

É engraçado como agora, mais velha, leio mais livros destinados aos mais pequenos do que quando era eu mesma uma criança. Leio e apoio a minha filha quando o quer fazer também. Nem podia ser de outro modo.
Este livro aguçou-me a curiosidade primeiramente pela capa maravilhosa que tem. Qualquer capa que tenha um gato há-de sempre ter lugar entre os meus livros (para quem não sabe, adoro gatos e tenho três, um deles preto e que me lembra muito esta nossa personagem).
Uma criança que nos conta, em primeira mão, o desgosto que é o ter de se sair de casa porque não temos como manter uma família. Como suportar o desgosto de perder o que sempre foi nosso, o conforto, comida saudável a horas certas, uma cama confortável para dormir e os nossos brinquedos para brincar e sermos crianças. 
Jackson é um miúdo absolutamente adorável. Tem um amor imenso pela sua enorme e fiel cadela, e pela sua pequena irmãzinha de língua afiada e que não perde nunca o fio à meada do que se passa à volta dela, apesar de ainda ser pequenina. Para um miúdo que já passou tanto em tão pouco tempo, Jackson ensina-nos, adultos, como ultrapassar as dificuldades sem nunca perder a esperança de um futuro melhor. Para ser feliz bastava-lhe ter a sua família com saúde e perto dele, vivessem onde vivessem. Só que, como menino que é e com uma imaginação fértil, da primeira vez que perderam a casa, Jackson é acompanhado por Crenshaw, um gato enorme e comilão que mais ninguém vê a não ser ele. Sem saber porquê, Crenshaw desaparece de repente da vida de Jackson assim que a família arranja casa e, tão depressa desapareceu, como aparece novamente agora que estão prestes a sofrer mais um desgosto, só que agora, também a cadela consegue ver aquele gato gigante que está sempre a pedir gomas.
A resistência de Jackson em aceitar Crenwshaw novamente é grande, até porque já é mais velho e crianças da idade dele já não têm amigos imaginários, muito menos quando são animais que falam.
Aos poucos e poucos, Jackson vai lembrar-se do porquê de ter "criado" aquele gato, aquele amigo que mais ninguém vê e assim que o aceita, começa a sentir-se mais calmo e até mais criança, como sempre deveria ter sido. Não ter pressa de crescer é o que faz das crianças o melhor que o mundo tem e é aceitando-as com as suas peculiaridades e particularidades que conseguimos fazer com que elas se sintam parte deste mundo e não à margem. São as crianças com imaginação que fazem do mundo um sítio melhor e acima de tudo, das crianças só temos o que elas recebem. Se receberem amor e compreensão, é isso que elas conseguirão retribuir.
Este livro ensina-nos que as crianças têm de deixar de tentar resolver os problemas dos adultos e que têm de ser apenas crianças, felizes e preenchidas, se possível.
Adorei!! Precisamos de mais livros destes!

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