02/08/2022

Opinião | Cinder | Crónicas Lunares | Leitura Conjunta | Marissa Meyer | Editora Planeta

 
Com dezasseis anos, Cinder é considerada pela sociedade como um erro tecnológico. Para a madrasta, é um fardo. No entanto, ser cyborg também tem algumas vantagens: as suas ligações cerebrais conferem-lhe uma prodigiosa capacidade para reparar aparelhos (autómatos, planadores, as suas partes defeituosas) e fazem dela a melhor especialista em mecânica de Nova Pequim. É esta reputação que leva o príncipe Kai a abordá-la na oficina onde trabalha, para que lhe repare um andróide antes do baile anual.

Em tom de gracejo, o príncipe diz tratar-se de «um caso de segurança nacional», mas Cinder desconfia que o assunto é mais sério do que dá a entender.

Ansiosa por impressionar o príncipe, as intenções de Cinder são transtornadas quando a irmã mais nova, e sua única amiga humana, é contagiada pela peste fatal que há uma década devasta a Terra. A madrasta de Cinder atribui-lhe a culpa da doença da filha e oferece o corpo da enteada como cobaia para as investigações clínicas relacionadas com a praga, uma «honra» à qual ninguém até então sobreviveu. Mas os cientistas não tardam a descobrir que a nova cobaia apresenta características que a tornam única. Uma particularidade pela qual há quem esteja disposto a matar.

    Primeiro livro da saga "Crónicas Lunares" de Marissa Meyer. Todos nos recordamos da tradicional história da Cinderela, certo? Apesar de não ser um dos meus contos infanto/juvenis preferidos, tive-o sempre na memória, muito por causa dos vestidos e dos ratinhos amorosos que ajudavam a Cinderela a sobreviver mais um dia. 
    Pois, aqui neste Cinder, não temos nem vestidos extra glamorosos, nem os ratinhos fofinhos para ajudar a nossa pequena Cinder. Muito pelo contrário. Consigo perceber o porquê de se dizer que esta é a nova história da Cinderela. Temos uma jovem que desde muito pequena aprendeu a sofrer abusos e maus tratos na própria família de acolhimento, temos uma madrasta má como as cobras e, apesar de não ter duas irmãs más, temos duas irmãs, sendo que uma é boazinha e a outra é um *nojo, temos um princípe, Kai, que, ao primeiro contacto, virou a cabeça de Cinder do avesso e temos uma rainha/bruxa má, como não podia deixar de ser. Temos o elenco todo.
    Consegui captar a vossa curiosidade? Pois então, não vos vou contar tudo e estragar a vossa leitura, porque eu sei que vão querer ler esta saga inteira. Mas, deixem-me só falar mais um pouquinho.
Esta foi a minha segunda vez a ler este livro e, novamente, fi-li em leitura conjunta. Desta vez, com vários bookstagramers, o que tornou a leitura muito mais divertida e prazerosa (ainda mais). Se já tinha gostado da primeira vez que li, desta vez ainda gostei mais pois, ao longo da leitura fui-me apercebendo de pormenores que antes não tinha captado.
    Cinder é uma mecânica, da cidade de Pequim, metade humana, metade ciborgue. Vive sob a guarda da sua madrasta (guardiã) Adri e tem Pearl (a irmã má) e Peony (a irmã boa). Foi adoptada algures na Europa pelo marido de Adri, que entretanto, morreu devido à Letumose (uma doença contagiosa que se propaga por todos os cidadãos daquela cidade). Ao longo da história, e apesar de Cinder ser ciborgue, reparamos que toda ela é sensações e sentimentos. Apaixona-se pelo Príncipe Kai, que entretanto também perdeu o seu pai, o Rei, para a Letumose e, sofre com cada perda humana para a doença que se alastra rapidamente por toda a população mundial. Em vista a uma paz terrestre, Kai tem de casar-se com a Rainha Levana, Rainha da Lua, ou como eles tantas vezes referem, Rainha Lunar. Quando Levana aparece em cena, acabo por não conseguir discernir muito bem quem é a rainha má da história da Cinderela. Se Adri (A guardiã de Cinder), ou se Levana. A única diferença entre as duas é que uma é rainha e a outra é só ambiciosa e maldosa.
    Por todo o reino, os lunares são criaturas não bem-vindas à Terra e quando Kai dá a entender que tem de casar-se com a rainha, todos os habitantes ficam revoltados.
Kai não tem noção de que Cinder é uma ciborgue e apaixona-se por ela, dificultando em muito, as intenções de se casar com outra, ainda por cima alguém que ele detesta. No entanto, Cinder não é só ciborgue, as suas origens vão muito para além do que toda a gente pensa e, como sempre, vai ficar tudo ainda mais difícil para a nossa pequena mecânica.
    Grandes descobertas sobre Cinder são feitas durante o livro (não vos vou spoilar, porque não gostaria que o fizessem comigo), mas a partir do 5º capítulo, mais ou menos, já estava completamente "dentro" da história.
A escrita de Marissa Meyer é muito boa, tendo em conta que tem de, obrigatoriamente, usar termos técnicos de robótica. Termos esses que chegam até nós, leitores, de uma forma muito simples e compreensível, nada de termos de nos enredar o cérebro, até porque era mesmo disso que eu tinha receio. Tal não se veio a verificar.
    Apesar de não ter gostado muito do final, entendo que tenha sido um final necessário para conseguir ter a sua continuação no livro seguinte.
    Quer o meu coração romântico que Kai seja alguém mais assertivo e lutador. Alguém que mereça tanto o reino pelo qual está disposto a abdicar da sua própria vida, como o coração de Cinder que, desde que o conhece, se apaixonou por ele.    

    Espero que tenham ficado com vontade de ler este livrinho delicioso e que consigamos fazer com que a saga seja toda publicada cá em Portugal.

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