26/11/2021

Opinião | A Estrada de Prata | Stina Jackson | Editorial Presença

A filha de Lennart desapareceu há três anos numa zona remota do norte da Suécia. Desde então, Lennart percorre de carro a Estrada de Prata sob o sol da meia-noite, procurando desesperadamente a sua filha - ao mesmo tempo que tenta encontrar-se a si próprio, encontrar redenção.
Entretanto, Meya, de 17 anos, chega à cidade em busca de um novo começo. Tem a mesma idade da filha de Lennart - uma jovem à beira da idade adulta. no entanto, para Meya, existem perigos neste local isolado.
À medida que a escuridão do outono se aproxima lentamente, as vidas de Lennart e Meya cruzam-se de forma trágica e assustadora, como nunca poderiam ter imaginado.

Críticas de imprensa
«Envolvente e perturbador.»
Guardian
«Uma estreia marcante.»
Sunday Times


Foi muito bom regressar às leituras e, ao mesmo tempo, aos thrillers. Como podem reparar, este ano foi um ano algo "fraquinho" a nível de leituras, por vários motivos. Tenho dito que, este ano, excepcionalmente, tirei um ano sabático das leituras. No entanto, acredito que vou regressar em breve, e em força às leituras "compulsivas" até porque o "bichinho" já começa a roer cá dentro.

Como estava a dizer, foi muito bom regressar aos thrillers, ainda para mais com este livro.
É um livro com poucas páginas até, não se compreendendo, de todo, o tempo todo que levei para o ler quando podia, facilmente, lê-lo numa tarde. Acho que, a certa altura, desencantei-me com o rumo que a história estava a levar (pode ter sido mesmo só de mim e da fase que estava a passar). No entanto, assim que me decidi a acabá-lo, a coisa fluiu melhor e mais facilmente.

Esta é, acima de tudo, a história de um pai que perdeu a filha e que, após três anos, não desistiu de a encontrar, quando toda a gente, contrariamente ao que mostravam, já haviam desistido, inclusive a própria mãe.
Lennart, numa manhã deixa a filha na estação de autocarros, numa estrada conhecida como a Estrada de Prata. Lina tinha 17 anos, uma vida toda pela frente e, do nada, desaparece sem deixar qualquer rasto. Lennart ao longo de três anos percorre a Estrada de Prata de fio a pavio na esperança de encontrar qualquer pista que seja que o leve ao paradeiro da filha.

Mais do que a luta e a perserverança deste pai, neste livro temos presentes muitos temas extremamente pertinentes. Homicidio, negligência, violência fisíca e psicológica, traumas familiares, distúrbios psicológicos e até desvios de personalidade em muitas das personagens que aqui nos são dadas a conhecer.
Foi terrivelmente angustiante e, ao mesmo tempo encorajador, a forma como Lennart não desistiu da filha e, no processo ainda tenha conseguido dar um rumo à vida arruinada ou praticamente arruinada de Meya. Uma sua estudante, da idade da sua filha que, embora tivesse ainda mãe, estava completamente perdida e sozinha no mundo.
Enquanto ia lendo, ia tentanto apanhar uma ou outra pista que me indicasse quem, na verdade, tinha raptado e feito Lina desaparecer da face da Terra. Contudo, não foi assim muito fácil descobrir. Desde o actual namorado viciado em pornografia da mãe de Meya, aos três irmãos, sendo que um deles é namorado de Meya, que vivem isolados do mundo da tecnologia e social por causa das paranóias sociais dos pais, até ao ex-namorado da própria Lina que era o maior suspeito de Lennart. 
Cheio de descrições, pormenorizadas o quanto baste, esta história acaba por surpreender bastante pela sua simplicidade e, simultaneamente, a sua complexidade a nível de trama e densidade das personagens.
Nada nem ninguém é o que parece.

Recomendo!

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