03/02/2020

Opinião | Sozinhos na Ilha | Tracey Garvis Graves | Edições ASA

Uma ilha deserta plena de sol, vegetação luxuriante e mar cristalino é um cenário de sonho. Ou talvez não... Anna Emerson decide quebrar a sua rotina e deixar Chicago para dar aulas numa ilha tropical. Por seu lado, T. J. Callahan só quer voltar a ter uma vida normal após a sua luta contra o cancro. Mas os pais empurram-no para umas férias num destino exótico. Anna e T. J. estão a sobrevoar as ilhas das Maldivas a bordo de um pequeno avião quando o impensável acontece: o aparelho despenha-se no mar infestado de tubarões. Conseguem chegar a uma ilha deserta. Sãos e salvos, festejam e aguardam, convictos de que serão encontrados em breve. Ao início, preocupam-se apenas com a sobrevivência imediata e imaginam como será contar tamanha aventura aos amigos. Nunca a citadina Anna se imaginou a caçar para comer. T. J. dá por si a lutar com um tubarão e a ser acolhido por simpáticos golfinhos. Os dois jovens descobrem-se timidamente e exploram a ilha. Mas à medida que os dias se transformam em semanas, e depois em meses, as hipóteses de serem salvos são cada vez menores. Ambos têm sonhos por cumprir e vidas por retomar, e é cada vez mais difícil evitar a grande questão: conseguirão um dia sair daquela ilha?

Tinham-me enviado este livro há algum tempo e, mesmo após ler a sinopse, não fiquei totalmente convencida, mas por alguma razão decidi dar-lhe uma oportunidade. De forma surpreendente, acabei por ler tudo em apenas dois dias. Devorei o livro e não fiquei desiludida com a minha estreia nas obras desta autora. 
Ao início, após o avião em que seguiam se despenhar, as duas personagens principais ficam isoladas numa ilha e o que nos mantém agarrados ao livro é a luta diária pela sobrevivência de duas pessoas tão distintas, tanto em idade como nos seus percursos de vida, mas que demonstram capacidades inesperadas. 
A história vai sendo contada, de forma alternada, entre a visão do T.J e da Anna Emerson, o que é interessante por nos dar os dois lados do que está a acontecer e por tornar o livro mais dinâmico. 
O T. J acaba por mostrar ser um jovem adolescente maduro para a sua idade, muito por causa da doença que o privou de uma vida normal durante um longo período. Os meses na ilha também o moldam e assistimos a uma evolução da personagem. 
A Anna Emerson demonstra ser uma mulher mais forte do que aparenta mas ao mesmo tempo é sensível e apaixonada. O livro dá-nos descrições interessantes e muito detalhadas da vida na ilha, os seus desafios, a crescente proximidade entre Anna e T.J. Pode parecer errado e obtuso, até porque ele tem 16 anos e ela 30, mas a história acaba por se desenrolar da forma que menos podemos esperar. 
Há também pormenores que nos causam ansiedade só de pensar em como seria se nos encontrássemos naquela situação. A esperança e o desespero estão de mãos dadas durante grande parte da história e é nesses momentos cruciais que ficamos a conhecer melhor o carácter cada um dos personagens. 
Apesar de o final não ser totalmente imprevisível, a autora consegue fazer-nos ficar vidrados nas suas palavras e queremos saber mais do que vai acontecer a seguir. Julgo que em algumas partes os diálogo são um pouco repetitivos e há mudanças algo bruscas entre alguns capítulos, mas é um livro que aconselho, recheado de romance, aventura e com personagens que vale a pena conhecer. 

Uma leitura fácil e muito cativante!

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