23/12/2014

Opinião "O Grande Amor da Minha Vida" - Paullina Simons



Tatiana vive com a família em Leninegrado. A Rússia foi flagelada pela revolução, mas a cidade mais cosmopolita do país guarda ainda memórias do glamour do passado. Bela e vibrante, Tatiana não deixa que o dramatismo que a rodeia a impeça de sonhar com um futuro melhor. Mas este será o pior e o melhor dia da sua vida. O dia assombroso em que conhece aquele que será o seu grande e único amor. Ameaçados pela implacável máquina de guerra nazi e pelo desumano regime soviético, Tatiana e Alexander são arremessados para o vórtice da História, naquele que será o ponto de viragem do século XX e que moldará o mundo moderno.

 *Pode Conter Spoilers*
E agora? Como vou escrever esta opinião sem me espalhar ao comprido? Bem, acho que vou começar por agradecer *mais uma vez* à minha querida I. que enquanto não venceu pelo cansaço para ler este livro não descansou. 
Obrigada!

Não há como saberem que eu não gosto de livros de guerra. Mas agora ficam a saber: Eu não gosto de livros de guerra. Ou pelo menos achava que não. Apercebi-me de que não posso colocar todos os livros que se passam em tempos de guerra no mesmo "saco". 
Dizer que esta história arrebatou-me por completo será dizer pouco, muito pouco. Se para mim foi difícil ser conquistada nas primeiras páginas, muito devido ao facto de ter sempre no subconsciente de que não gosto de histórias de guerra, a partir da altura em que Tatiana conhece Alexander dá-se início a uma montanha russa de emoções. Muitas foram as vezes (demasiadas) em que sentia o coração a bater mais depressa sempre que Alexander se encontrava com a sua  Tatia. As descrições feitas do que Tatiana sentia e sofria por ele são tão intensas que é impossível ficar-se indiferente a este grande amor. 
Admito que estou a ter algumas dificuldades em escrever esta minha opinião. Parece-me que qualquer coisa que escreva será insuficiente para mostrar o que senti ao ler este livro. Como vou deixar-vos com vontade de lê-lo? Não sei, mas vou dar o meu melhor.
Paullina Simons dá-nos a conhecer de uma forma simples mas intensa as nossas duas personagens principais Tatiana e Alexander. No entanto e de uma forma muito corajosa, introduz estas personagens numa União Soviética prestes a ser invadida pelas tropas alemãs e preparada para entrar em guerra. 
Enganam-se se pensam que o cenário horrível de guerra, morte e fome nos conseguem desviar do ponto principal desta história: o romance entre as personagens principais, Tatiana, de 17 anos, e Alexander, de 22. É absolutamente impossível falar-vos destas personagens sem falarmos da realidade brutal onde eles vivem. Numa altura de guerra o "prato do dia" é a morte, a devastação, a fome, o frio e o abandono. A meu ver Paullina abordou o lado da guerra de uma maneira muito crua e assustadora. Imaginar a nossa família toda, os nossos amigos, vizinhos e tudo o resto desaparecer de uma maneira tão cruel e devastadora é, no mínimo aterrador. Esta é uma das razões porque não gostava de livros em cenários de guerra.
Numa altura em que seria impossível pensar-se em romance e afins, Tatiana conhece o soldado Alexander e é desde aí arrebatada por ele e ele por ela. Duas personagens que nos ensinam que mesmo em tempos difíceis é possível ser-se bom, é possível ser-se amigo do próximo e é possível amar-se como se não houvesse amanhã. Tatiana mais do que Alexander, a meu ver. 
Quando me disseram (ou li?) que através do relato de Paullina se sentiram a caminhar ao lado de Tatiana nas ruas de Leningrado e não só, achei algo exagerado, só que não. De facto, as descrições são tão bem escritas e tão certeiras que é impossível não nos vermos a caminhar com Tatiana no meio daquela destruição, no meio de tanta dor e sofrimento. É impossível não sentirmos a dor da fome, é impossível não sentir a dor da morte. Tatiana sempre colocou tudo e todos à sua frente (o que por vezes deu-me vontade de a sacudir e dizer: Mas que raio!! Acorda rapariga!), algo que Alexander por mais bondoso que fosse não permitia. Em certas alturas, até achei Alexander machista demais. Ela era sua e de mais ninguém. Só podia vê-lo a ele. Só podia viver por ele e mais ninguém. Alexander era um homem bom, mas demasiadamente "macho" e possessivo, o que até se consegue entender, tendo em conta as circunstâncias, mas que não deixa de ser incomodativo.
Ela perdeu tudo o que tinha e ainda assim, consegue irradiar um amor tão grande e tão intenso que mesmo ele se sente esmagado. Tatiana é uma força da natureza. Enfrenta bombas, enfrenta a dor da perda, enfrenta a Guerra de frente para alcançar o que mais deseja. O seu amor saciado e uma vida com Alexander. Será pedir demais? Eu acho que não. Depois de tudo o que esta miúda passou, seria merecido ela alcançar a felicidade. E, em certa altura ela é de facto feliz. Com ele, como ela tanto queria. No entanto, nem tudo são rosas e de um momento para o outro perdemos mais e mais ainda. Perdemos a força, perdemos a capacidade de aceitar a realidade. Tatiana perdeu? Digo-vos uma coisa: Ela perdeu tudo o que tinha, até parte de si, mas nunca perdeu a esperança, o discernimento, a razão e o seu imenso amor pela vida, pela sua vida que nada mais era do que Alexander.
Dizer-vos que este é o relato de um romance é totalmente ridículo. É o relato de algo que aconteceu durante um período da História que marcou toda a Humanidade. Um amor que brotou naquela que foi considerada a maior operação militar germânica da Segunda Guerra Mundial. É ficção dentro de algo que não é apenas invenção e para mim tem um peso enorme. Sempre mexeu muito comigo saber que aquilo de facto aconteceu. Aquela história inventada é inserida num facto real. Acham que não é possível que tenha acontecido um sem número de casos de amores impossíveis no meio de uma Guerra cruel e assassina? Quantas e quantas mulheres perderam os seus maridos na frente da batalha? Quantos e quantos maridos faleceram com a fotografia das esposas, namoradas guardadas no forro das fardas? Isso não é ficção. É a realidade. Foi a realidade com que muitos casais, muitas famílias viveram e vivem ainda em períodos de guerra.
Tenho de ser sincera e admitir que escrevo esta opinião de uma forma emocionada e intensa. Se vai de encontro ao que vocês, leitores e seguidores, querem ler? Não sei, mas durante toda esta minha opinião fui verdadeira e tentei descrever o que senti e que ainda sinto em relação a este livro. Acreditem que teria muito mais para escrever. Podia estar aqui o dia todo a falar da parte romântica desta história, da parte real desta historia. De como senti medo de todas as vezes que Alexander seguia para a frente da batalha. De como torci intensamente para que não morresse ninguém quando a União Soviética deflagrou um grande contra-ataque contra o centro da linha de frente nazi, fazendo com que os alemães fugissem a *sete pés* de Moscovo, abrindo assim o bloqueio imposto pelos Alemães em Junho de 1941. Ler este livro, deu-me a noção do quão devastadora foi esta Guerra. Acreditem que até me sinto mais culta depois de ter lido este livro. ;-)

Espero que tenha conseguido transmitir nem que seja um pouco a minha emoção ao ler este livro fantástico e que vos fiz querer lê-lo (se é que ainda não o fizeram).

2 comentários:

  1. Eu já o fiz, óbvio :)
    e gostei que me tivesses parafraseado aqui, com a menção a sentirmo-nos ao lado da Tatiana nas ruas de Leninegrado <3 adorei a opinião e como hoje estou natalícia digo que foi das melhores que já li tuas! Parabéns!
    beijinhos e boas festas!

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    1. Yeyyyyyy..... Uma das melhores!!! Hurray to me! E mais uma vez te agradeço por me abrires os olhos em relação a este livro maravilhoso!!

      Festas felizes minha querida!! :*

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