15/04/2014

Opinião "Acredita e Vencerás" de Laura Karvell

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Acredita e Vencerás, acompanha o percurso, por vezes atribulado, do Doutor Manuel, que saiu menino da sua aldeia em Trás-os-Montes, rumo a Coimbra para estudar medicina. Passados vários anos, regressa a casa, homem feito. Naquele local pacato, onde aparentemente nada de novo acontece, experimenta, pela primeira vez, viver o que julga ser o grande amor da sua vida! Mas o destino trata de lhe colocar inúmeros entraves à sua realização plena e, mostra-lhe que, por vezes, a vida dá muitas voltas até alcançarmos o que desejamos. O que é preciso é nunca desistir.

História com um desfecho gratificante, desenrolada no Portugal dos anos sessenta, o leitor é transportado a uma realidade bem diferente dos dias de hoje. Apesar disto, através dos vários acontecimentos, ora tumultuosos, ora caricatos, é levado a perceber que a força humana do amor e do crer é, de facto, intemporal.


*Contem Spoilers*

Antes de mais nada, aproveito para "avisar" de que o título não tem muito que ver com o que é contado ao longo de 338 páginas. "Acredita e Vencerás" dá-nos a ideia de que se trata de um livro de auto-ajuda ou assim. Admito que estava um pouco (bastante) receosa em começar a ler e sentir-me entediada. Cada vez mais me convenço de que o título de um livro pode mesmo induzir-nos em erro e fazer com que não tenhamos qualquer interesse em ler o que está por dentro. Sou sincera quando digo que se não me tivessem disponibilizado este exemplar para leitura, provavelmente eu não o teria comprado para ler. Adiante, este livro é, nada mais nada menos do que a história, conturbada, essencialmente de Manuel, Suzana, Rita e Tony. Quatro jovens na flor da idade que em certa altura da vida descobrem-se apaixonados. No inicio, pensava tratar-se de uma paixão entre Manuel e Rita, no entanto, aparece Suzana e Rita deixa de ter qualquer hipótese com o jovem doutor transmontano, formado na nossa querida Coimbra. Manuel e Suzana conhecem-se na pacata aldeia de Flores (Trás os Montes) e apaixonam-se. Contudo, Suzana havia saído de um relacionamento e encontrava-se confusa, pelo que acaba as férias mais cedo e regressa a Lisboa, de onde não manda qualquer noticia a Manuel por mais de um ano. Não é preciso dizer que Manuel ficou de coração partido, sem no entanto perder a esperança de um dia a reencontrar. No ano em que não se viram, Manuel regressou a Coimbra para começar o Estágio no Hospital da Universidade. A intenção era tentar arranjar lugar num hospital de Lisboa, para poder procurar a sua amada. Contudo, só mais de um ano depois de começar o estágio é que Manuel teve a oportunidade de ir para um hospital privado em Lisboa. Se no inicio ele estava ansioso por ir para Lisboa, passados todos aqueles meses, o amor que tinha a Coimbra quase que falava mais alto. Mas, o desafio falou mais alto e Manuel resolve ir para Lisboa trabalhar. Por sua vez, Rita, uma das empregadas da família de Manuel, enamorada por ele desde criança, tendo a noção de que o coração de Manuel não lhe pertencia, resolve trancar aquele amor no fundo do seu coração, abrindo-o a outras possíveis paixões. Numa bela noite, sonha com o seu casamento, mas o noivo não era Manuel e sim um jovem alto e loiro que lhe sorria ternamente. Até com o vestido sonhou, o que mais tarde viria a ser de grande ajuda. Algumas semanas depois, conhece Tony, neto da mulher que a criou desde pequena ali na Quinta Grande (Herdade da família de Manuel) e filho de emigrantes que há muitos anos tinham ido para França. Não leva muito tempo até resolverem casar-se.
 Após muitas atribulações, Manuel reencontra Suzana e mais uma vez trocam juras de amor e resolvem casar-se. Temos assim, no final, dois casamentos na Quinta Grande. No dia 24 de Dezembro temos o de Manuel e Suzana e no dia 25 de Dezembro temos o de Rita e de Tony.
Agora que já resumi o livro, sim eu tenho a noção de que não fiz mais do que um resumo, vou dizer-vos porque gostei deste livro. Sou açoriana, mas tenho muito orgulho nos lugares que já tive o prazer de conhecer em Portugal Continental. Neste livro, são referidos lugares dos quais gosto imenso. Fui muitas vezes a Coimbra e ter tido a oportunidade de conhecer um pouco mais de Coimbra no Portugal dos anos sessenta, fez-me sentir alguma nostalgia, até porque já não vou a Coimbra há imenso tempo. No livro é referida uma Pastelaria Centenária que fica situada na Baixa de Lisboa, Rossio... Falo da Pastelaria "Suíça" que tive o prazer de conhecer não tem muitos dias. É uma sensação muito boa lermos sobre algo e termos a noção de já lá estivemos e que conhecemos tal sítio. Fez-me soltar um sorriso cheio de recordações. Além disso, e embora não conheça ainda a parte Sul do país, a Zona Centro/Norte é para mim de uma estima enorme. Adorei ler sobre sítios que até há uns anos atrás eu apenas conhecia de nome e que agora tenho o prazer de conhecer pessoalmente. 
Em relação às personagens, devo dizer que as minhas preferidas foram a Rita e o Tony. Por serem pessoas humildes e sentirem um amor tão grande um pelo outro. Quanto a Manuel e a Suzana, não gostei lá muito da amada de Manuel. Sendo filha única, era mimada e intransigente, não gostando que lhe fossem contra as suas ideias e opiniões. Achei-a algo arrogante, apesar de se notar muito bem o amor sincero que sentia por Manuel. 
Para quem sente alguma reticência em ler este livro, por causa do título, faça como eu: Esqueça o título e deixe-se levar pelo nosso Portugal e as suas lindas tradições e gentes tradicionais. Sabe tão bem sairmos, por vezes, das "modernices" e das tecnologias de hoje em dia e deixarmo-nos levar pelo que era prática comum há muitos anos atrás, no tempo em que os nossos pais eram crianças e os nossos avós, pessoas cheias de genica e de força.

Recomendo


5 comentários:

  1. Não li a tua opinião, passei por aqui para dizer que a sinopse foi o suficiente para dizer 'nah, não quero'. Independentemente de gostares ou não, chama-lhe preconceito. Já tive a minha cota parte de desilusões...

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    1. Se n leste, devias ter lido! Não sejas medrosa! o livro lê-se muito bem e sendo passado em Portugal, tem o seu "quê" de simbolismo...

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    2. Estou nem aí para o simbolismo. Pela minha experiência - e se e quando ler o livro, levar uma chapada de luva branca por mudar de opinião - os autores portugueses nem sempre sabem aproveitar o que Portugal tem de melhor. E a sinopse não me cativou minimamente. Felizmente nem todos os autores portugueses são assim, temos muitos bons que me fizeram olhar para a coisa de outra forma (mas as sinopses, lá está, chamaram a atenção).

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    3. Se tivesses lido a opinião já tinhas uma ideia melhor do que a que vem na sinopse -_-

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    4. A questão é que as opiniões são importantes, mas as sinopses devem ser boas o suficiente para agarrar - claro que tanto leitor não agarram todos LOL (!)

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