14/11/2019

Opinião | Amar-te à Meia-Noite | Trish Cook

Katie Price tem 17 anos e não pode sair de casa durante o dia. Sofre de uma doença rara, que transforma cada raio de sol numa arma letal. Mas tudo muda quando, uma noite, sai de casa para tocar guitarra na plataforma da estação de comboios e conhece Charlie. Antes de a noite terminar, Katie apaixona-se, mas não conta o seu segredo a Charlie. Quer viver a sua história de amor perfeita, antes de enfrentar a dura realidade. Perdida no seu romance de verão nocturno, Katie sabe que o amor a guiará.

Esta leitura foi uma das raras vezes em que primeiro vi o filme, por um acaso, e que depois li o livro.
Até deixei passar algum tempo para ver se me esquecia um pouco do que tinha visto no filme e fazia uma espécie de "reset" à história.
É um livro muito rápido de se ler. Quanto mais não seja por não ser muito extenso e a escrita ser fluída e ligeira. As personagens serem divertidas, apesar da situação dolorosa, também ajuda a que não tenhamos grandes alternativas a não ser começar a ler até acabar. No meu caso, levei uma tarde, cerca de quatro horas, mais coisa menos coisa.
Ora, esta história apresenta-nos uma Katie que, por um azar da genética, tem uma doença que não lhe permite ser uma jovem normal. Desde criança que não pode sair de casa enquanto o sol está a brilhar, pois cada raio de sol é como se a matasse aos poucos. Desde a última vez que isso aconteceu, ainda criança e que foi diagnosticada a doença que Katie tem sido protegida, vigiada e fechada em casa. Tem apenas uma amiga pois as restantes crianças quando souberam que ela não podia apanhar sol não souberam lidar com o assunto e afastaram-se.
Katie cresceu em casa, isolada do mundo exterior. No entanto, o pai permite-lhe sair à noite e explorar o que não pode durante o dia. Só que, a generalidade das pessoas à noite, dorme, enquanto ela está acordada. 
Estaria tudo muito bem se, desde criança, Katie não estivesse irremediavelmente apaixonada por um miúdo que todos os dias passava à janela pela qual ela via o mundo lá fora quando tinha de estar fechada. Todos os dias Katie, à sua maneira, acompanhou o crescimento de Charlie acalentando no coração um amor imenso por ele, mesmo tendo a noção de que nunca poderia estar com ele. Contudo, o que está escrito nas estrelas tem muita força e, de uma forma natural e adorável, Charlie passa a fazer parte dos dias e das noites de Katie, sempre sem questionar o porquê de Katie ter as rotinas que tem. Sabe que alguma coisa se passa, mas confia nela o suficiente para a deixar à vontade e esperar que ela se sinta preparada para lhe contar seja o que for.
Assim, por ignorância dele acerca do problema dela, todas as vezes que eles esticam as suas saídas à noite, o risco de ela apanhar com os primeiros raios do dia aumentam de dia para dia. A irreverência da juventude e do amor fazem com que Katie se esqueça de que tem de ser cuidadosa e cautelosa e, num assomo de frustração e cansaço pelas suas limitações, chega o dia em que Katie farta-se e manda tudo às urtigas, pelo amor que sente por Charlie, pela vida que nunca viveu e nunca poderá viver e pelo desgosto que tem pelo futuro que se lhe adivinha, mais cedo ou mais tarde.
Se por um lado queremos que Katie tenha, finalmente, o seu dia de libertação, por outro fica aquele sentimento agridoce porque ela nunca terá o melhor dos dois mundos. Ou opta por levar aquela fica de clausura o resto da vida que lhe resta, ou toma uma decisão e escolhe o seu próprio destino. 
Sendo muito sincera, não sei o que faria se estivesse no lugar dela. 
Personagem preferida: O Pai de Katie. Grande homem, grande pai. Sempre teve presente o melhor para a filha e a felicidade dela veio sempre em primeiro lugar ainda que lhe causasse o maior dos sofrimentos.

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