13/06/2019

Opinião | A Rapariga Sem Pele | Mads Peder Nordbo | Planeta

Um policial intenso e perturbador na fascinante Gronelândia. Neve, gelo e neblina revelam terríveis segredos mortais escondidos há muito tempo. Quando um cadáver viquingue mumificado é descoberto numa fenda no gelo, o jornalista Matthew Cave é destacado para cobrir a história.
No dia seguinte, a múmia desapareceu. o corpo do polícia que a guardava jaz no gelo, nu e esfolado, tal como as vítimas de uma horrível série de assassínios que aterrorizaram a remota Nuuk na década de 1970.

«A Rapariga Sem Pele tem todos os ingredientes necessários para um verdadeiro romance policial. Assassínio, estranheza, calafrios, superstição, segredos terríveis – mas ao mesmo tempo o leitor pode sentir a afeição do autor pela Gronelândia.»
Krimifan

«A Rapariga Sem Pele tem, na sua essência, um crime clássico combinado com a intensidade de um thriller - mas também se foca na crítica social.»
VG Norway

(Pode Conter Spoilers...) 
Mais uma estreia e mais um livro que apenas fez com que goste deste género literário cada vez mais. Eu! Que só lia romances fofinhos e queridinhos... onde isto já chegou!!
Bem, dizer que, apenas pela capa fantástica, as minhas expectativas estavam lá no alto é dizer pouco. Desde a altura que recebi o livro que estava ansiosa para o começar e enquanto não o fiz, não descansei, até porque queria saber mais sobre um lugar que sempre quis visitar (a esperança é a última a morrer) que é a Gronelândia. Dinamarca também, mas isso já são para outras núpcias.
Ao contrário de alguns livros que já li, este, mal o comecei agarrou-me logo. Quanto mais não seja pelas descrições pormenorizadas das montanhas, do gelo que eu adoro, das tradições de quem lá vive, crenças e mitos e a forma como o passado está sempre ligado ao presente... o autor conseguiu incutir-nos uma curiosidade enorme, pelo menos a mim, por esta cultura ainda pouco conhecida, e acreditem que já começo a saber alguma coisa sobre este lugar esquecido pelos demais.
Pegando numa atrocidade bastante actual hoje em dia, violência e abusos a crianças, Mads Peder, cria uma história cheia de  altos e baixos e achei soberba a forma como, a partir de uma certa altura, temos acesso a tudo o que havia acontecido há quarenta anos atrás e que derivou na descoberta daquela suposta múmia e dos crimes que aconteceram a partir daí. 
Matthew Cave é um jornalista que foi destacado para cobrir a descoberta de um corpo completamente conservado pelo gelo mesmo enfiado numa fenda gelada. O que Matthew não sabia era que aquela descoberta ia abrir caminhos por entre histórias perversas e crimes esquecidos algures no passado mas que, naquele caso iam fazer toda a diferença. Adorei a forma como o autor alterna o passado com o presente, apresentando-nos Jakob, um agente da policia de há quarenta anos atrás, que se envolve demasiado numa espécie de esquema e hábito macabro que os homens tinham de abusar fisicamente de seres inocentes e mais fracos. No presente e através de um caderno diário de Jakob que Matthew recebe, vamos ter acesso a crimes hediondos e inimagináveis, pelo menos para a maioria de nós. Aquele caderno será o elo de ligação entre o Jakob de quarenta anos atrás e o Matthew do presente. Será uma viagem e tanto, até porque, para mim, foi inevitável a comparação entre os dois. Cada um à sua maneira tentou fazer algo de bom e de justo por quem mais precisava e, no processo, também foram magoados. Gostei muito destas duas personagens, até porque Matthew trazia na bagagem uma mágoa e uma perda quase impossível de reparar e repor e mesmo assim conseguia ser um homem justo, sensível e desenrascado.
No entanto, Matthew não vai estar sozinho nesta sua investigação. Terá a companhia, quase que forçada, de Tupaarnaq, uma jovem de aspecto feroz e sombrio que acaba de sair da prisão, acusada de, há doze anos atrás, ter morto a família inteira, pais e irmãs, tendo escapado apenas um irmão que não estava em casa na altura. Sinceramente? Adorei esta personagem. Uma miúda acusada de quatro homicídios e presa por doze anos quando apenas tinha quinze? Que estavam à espera? Que ela saísse fofa e fresca, disposta a perdoar e a ser integrada na sociedade que a tinha condenado sem mais pormenores ou vontade de a ajudar quando ela mais precisava? Ao contrário do que se pensava, ela fortaleceu-se enquanto esteve presa e fê-lo a todos os níveis. Tanto a nível físico como mental, Tupaarnaq tornou-se mais forte e menos susceptível ao mal que uma mulher pode sofrer nas mãos dos homens. Achei imensa piada à forma bruta como ela tratava Matthew, mas ao mesmo tempo fazia com que ele também se fortalecesse.
Em suma... este livro é brutal! A forma como o autor descreve todos os crimes ao pormenor é de arrepiar até às raízes dos cabelos e, tenho de admitir que é preciso algum sangue frio para ler este livro e não se sentir algumas náuseas, mas isso também revela o quão boa é a escrita de Mads Peder Nordbo. 
Ainda tinha mais a dizer, mas fico-me por aqui e espero que tenha conseguido deixar-vos com a pulga atrás da orelha com este livro. 

 
 
(é lindo ou não é?)



1 comentário:

O seu comentário é valioso!
Obrigada pela visita e volte sempre!