24/04/2018

Opinião | Encontrei-te nas páginas de um livro | Xavier Bosh

"Encontrei-te nas páginas de um livro" é um romance sobre a força perdurável do amor. Jean-Pierre Zahardi, galerista na Rive Gauche, é um espírito livre. Paulina Homs, com uma tranquila vida familiar em Barcelona, chega a Paris para o casamento da prima. Como se o destino o tivesse reparado, entre eles nascerá uma atração inesperada que mudará as suas vidas para sempre.
Este livro é a crónica da procura e da reconstrução de uma história de amor, a de Paulina e Jean-Pierre, através das recordações, dos documentos e do testemunho do das pessoas que conhecem a paixão clandestina do casal. Será a filha de Paulina, Gina, que descobrirá muitos anos depois da morte da mãe o grande amor que a marcou para sempre.
Aguarda o leitor uma viagem pelas livrarias mais bonitas do mundo, onde estão dispersos os testemunhos misteriosos e comoventes desse amor, e uma viagem no tempo, para descobrir aqueles quatro dias únicos e inesquecíveis. Eternos.

Nunca tinha lido nenhum livro de um autor espanhol e, para ser sincera, não desgostei de todo. No entanto, levei um bocadinho a integrar-me na história. Senti-me algo confusa pelos modos pouco ortodoxos de Gina e a certa altura já não sabia se estava a conhecer a Paulina, mãe, ou se estava a ler sobre Gina, a filha. Talvez porque se muda muitas vezes e durante muito tempo o espaço e o tempo da história. Até porque a narração é feita de forma muito lenta o que, para alguém que lê como uma desvairada como eu, custa um bocadinho.
Verdade é que o autor coloca muita poesia, muitas referências artísticas, lugares encantadores e frases que nos fazem querer mais, mas não despendeu muito tempo naquilo que realmente as pessoas querem: O Amor. Senti que o tema, o sentimento, era abordado aqui e ali, sem fio condutor, em vez de ser discorrido de forma contínua e apaixonada conseguindo arrancar-nos suspiros amorosos e ansiosos por mais. Durante a minha leitura consigo perceber que as personagens, à sua maneira, amavam-se, mas foi tudo tão mecanicamente descrito que o sentimento total e real não me chegou completamente.
Achei Gina um pouco insuportável, tenho de admitir, embora tenha-me arrancado muitas gargalhadas pelo caminho, pelo seu feitio teimoso e arrogante. Dava a entender que era uma rapariga mimada e inconsequente, mas na verdade, ela só precisava de descobrir o amor que um dia a mãe dela encontrou, fugazmente. Quanto a Paulina, era uma mulher que amava o marido, pai de Gina, mas pareceu-me sempre muito presa e muito amarrada. Parecia alguém ansioso por se libertar das próprias amarras, embora não tivesse essa consciência até ir ao casamento da sua prima e melhor amiga, e ter conhecido Jean-Pierre. Entre paredes, visitas românticas e jantares íntimos, Paulina descobriu em pouco tempo o que era o amor na sua plenitude. Aquele amor livre e libertador. Sem amarras e sem responsabilidades a não ser dar e receber. Achei bonita esta percepção de amor, mas algo surreal, no mundo onde vivemos.
Dei a classificação pessoal de três estrelas e meia, porque, apesar de me ter sido complicado ser absorvida pela leitura, achei muito potencial nesta história. Basicamente, o facto de Gina ter descoberto, acidentalmente, o passado de Paulina, faz com que apesar do tempo e de Paulina já ter desaparecido, Gina se aproxime da mãe e permite que Gina perceba quem era a mulher que a deu à luz.
Sendo mãe, achei esta "faceta" da história muito interessante e cativante. No entanto, quero que a minha filha se sinta próxima de mim enquanto por cá ando e não depois. Mas fica a nota de que gostei desta parte.
É preciso algum tempo para ler este livro, apesar de não ser volumoso? É. Até porque o autor faz questão de nos fornecer elementos descritivos tanto dos espaços como dos sentimentos e pensamentos. É de leitura vagarosa? É. Mas é necessário, caso contrário passa-nos muita coisa ao lado. Contudo, recomendo :)

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