27/10/2017

Opinião | As Memórias do Nosso Amor | Sally Hepworth | TopSeller

Anna Forster tem apenas 38 anos, mas a sua mente está a degradar-se lentamente. Ela sabe que a sua família está a fazer o que acredita ser o melhor para ela, ao levá-la para Rosalind House, uma instituição de vida assistida. Ela também sabe que há apenas um outro residente da sua idade, Luke. O que Anna não esperava é que o amor florescesse entre ela e Luke, e à medida que a sua doença lhe rouba cada vez mais memórias, Anna luta para as manter, incluindo as do seu novo amor.
Eva Bennett, ao ver-se subitamente empurrada para o papel da mãe solteira, é forçada a aceitar um emprego em Rosalind House. É lá que conhece Anna e Lucas, e fica comovida pelo vínculo que o par forjou. Mas quando um trágico incidente leva as famílias de Anna e Lucas a separá-los, Eve começa a questionar-se sobre o que está disposta a arriscar para os ajudar.

(Pode Conter Spoilers...)
Já tinha este livro há algum tempo na minha estante a implorar-me para ser lido. De facto, olhava para ele diversas vezes e, inclusive, cheguei a colocá-lo nas minhas "pilhas" mensais para ser, finalmente, lido. Nunca aconteceu e, agora que o li, tenho pena de não o ter feito mais cedo. Este é um livro que nos conta uma história muito terna, muito verdadeira e, ao mesmo tempo, muito triste. 
Toda a gente sabe o quão difícil será ter ou ligar com alguém  que sofra de Alzheimer e este livro é apenas mais uma prova disso. É óbvio que não nos relata o lado mais feio da doença, mas conseguimos ter vislumbres dela.
Ao longo da narrativa vamos saltando entre o passado e o presente, para conseguirmos perceber o início de tudo. É-nos apresentada uma das personagens principais desta história que é Anna. Uma jovem mulher de trinta e oito anos que sofre da doença degenerativa do cérebro. Por si só, o facto de ter sido diagnosticada Alzheimer numa pessoa tão jovem já é motivo de curiosidade e espanto ainda para mais em alguém tão activo como a Anna era. Por esse motivo e pelo facto de não querer acabar por ser um fardo para o irmão gémeo, Jack, ela aceita ser colocada numa espécie de lar de idosos que precisam de cuidados diários. No entanto, esse lar foi escolhido por Jack, por uma razão específica. Nesse lar havia alguém da mesma idade de Anna e que também sofria de uma doença degenerativa. Na altura, a ideia de Jack seria colocar Anna num lugar onde ela não se sentisse estranha e ter uma pessoa da mesma idade seria uma ajuda para ela ultrapassar os dias. 
é exactamente essa mesma pessoa da idade de Anna que é, para mim, a outra personagem principal. A par de Anna, Lukas é portador de uma doença degenerativa, embora seja diferente da de Anna. É atraente e charmoso e na sua calma e simpatia, vai conseguir quebrar as barreiras da memória de Anna, mesmo que sem querer. 
De dia para dia a mente de Anna perdia mais qualquer coisa, a ponto de já nem conseguir fixar onde era a porta da casa de banho e onde era a porta do armário da roupa. Para ela Lukas era O Rapaz, aquele que iluminava a sala toda só com a sua presença e aquele que a compreendia apenas com um olhar. Ao longo dos dezasseis meses a que temos acesso, Anna e Lukas aproximam-se de várias formas e, tendo em conta que eles um dia não terão controle sobre os seus sentimentos e vontades, tanto a família de Anna, como a família de Lukas não aceitam que eles sejam mais do que colegas de lar. É aqui que entram os funcionários do lar em particular Eva, a nova cozinheira que também tem um passado recente nada agradável e que, ao ver o amor que desabrochou entre Anna e Lukas, faz tudo o que pode para que eles sejam felizes e se sintam completos nos últimos ou nos únicos momentos de lucidez que eles têm. Adorei a Eva. Uma personagem cheia de garra e com um coração enorme. Sempre colocou a filha Clem em primeiro lugar e o trauma que passou quando perdeu o marido transformaram-na numa mulher mais consciente de tudo e de todos que a rodeiam. O que antes era garantido, agora tem de ser conquistado e Eva consegue, na perfeição, dar a volta à sua má situação e encontrar, também ela, a felicidade.
No geral, adorei este livro. Mostra-nos que mesmo doentes, seja de que doença for, há sempre lugar para amar e ser feliz da maneira que for possível. Anna e Lukas, contra tudo e contra todos, conseguiram esse amor e, de certa forma, mesmo quando se sentiam infelizes, tinham sempre a noção de que um estava lá para o outro. Não me livrei de algumas lágrimas nos últimos capítulos pois é uma história terna e amorosa e custa ver que tantas pessoas saudáveis não tiram o melhor da vida e outras que não querem senão ser felizes têm tão pouco tempo para o ser.
Recomendo!
(Este exemplar foi gentilmente cedido pela TopSeller em troca de uma opinião sincera)

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