22/09/2023

Opinião | Tudo o Que Descobrimos Naquele Verão | Gayle Forman | Editorial Presença

ISBN: 9789722371285
Editor: Editorial Presença
Data de Lançamento: junho de 2023
Idioma: Português
Encadernação: Capa mole
Páginas: 264
Tipo de produto: Livro
Coleção: Ficção Juvenil
Classificação temática: Livros em Português > Infantis e Juvenis > Contos Fábulas e Narrativas > Juvenil


SINOPSE
Às vezes, precisamos de um amigo. Mesmo se não quisermos. Mesmo se for inesperado.

O verão está a começar, e Beatrice - ou Bug, como é mais conhecida - quer ir até à praia divertir-se com o seu irmão mais velho e o resto do grupo. Mas Danny já não quer levá-la com ele, e a mãe está superocupada… É então que aparece Frankie, sobrinho do vizinho de Bug.

Ao início, Bug não está muito entusiasmada por ter de passar as férias com Frankie. No entanto, à medida que o verão avança, os dois começam a conhecer-se, a descobrir o mundo juntos e a sentir que a amizade pode ajudar a transformar a nossa vida. E, de repente, começamos a perceber muitas coisas. Começamos a perceber que é importante sermos verdadeiros connosco.

Começamos a perceber que é importante sermos bons com os outros. Começamos a perceber que a família é a que temos, sim, mas dela podem também fazer parte pessoas que nós escolhemos. E percebemos que um verão pode ser o início da grande aventura até à vida adulta.

GoodReads
Este livro de Gayle Forman, que foge um pouco ao tipo de livros que ela costuma escrever, traz-nos a história de Beatrice, mais conhecida por Bug e de Frankie. A história de uma amizade forçada pelas circunstâncias, passada num verão dos anos oitenta, mais precisamente em 1987, quando os miúdos ainda brincavam na rua e o termo "LGBTQ+" nem sequer era mencionado, fosse onde fosse. 
É uma história doce entre dois pré-adolescentes, com as cabeças cheias de sonhos e uma vontade imensa de aventuras. Neste pequeno livro acompanhamos a tentativa de Franki e Bug resolverem o mistério do momento: o aparecimento de um serial killer. Ao contrário do que Bug pensava, o verão estava prestes a ficar muito mais interessante.

Como já disse mais acima, é uma história que se passa no ano de 1987. Tendo nascido em 1980, consigo sentir perfeitamente o ambiente que se vivia naquele ano. Não se falava em homossexualidade, de todo, e quem quer que tivesse a coragem de se assumir como uma pessoa gay era logo alvo de fortes preconceitos, agressões verbais e colocada de parte na sociedade. Lembro-me, também de que, na altura o vírus da SIDA era algo que a maioria das pessoas não queria abordar e preferiam colocar uma pedra por cima e fazer de conta que tal doença não existia e, se existia, estava guardada para quem "assim o merecesse". Eram tempos gloriosos os anos oitenta, mas também muito dificeis para muitas pessoas.
Apesar de a autora ter tentado abordar estes temas de uma forma que fosse aceitável para quem frequenta o ensino médio ou equivalente, acho que ainda ficou muita coisa por explicar. Isso porque a história, a partir de uma determinada altura, passa a focar-se muito no mistério do assassino que por ali andava a fazer estragos. Isso acabou por desviar a atenção dos temas verdadeiramente importantes. 

Para além das questões sobre a sexualidade de cada um, também temas como o racismo, o machismo e disfunções familiares, são abordados neste livro. Sempre de uma forma leve e educativa. Acho que isso abona muito a favor da autora.

Creio que o objectivo principal deste livro centra-se muito no crescimento individual e na forma como os adolescentes têm de ver e aceitar os demais que os rodeiam. Fala-nos sobre alcançar a maioridade e como devemos ser nós mesmos perante os outros, sem cairmos na tentação de perdermos a nossa identidade para nos sentirmos incluídos.  

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