14/03/2018

Opinião | Anatomia de um Escândalo | Sarah Vaughan | TopSeller

James Whitehouse é um bom pai, um marido dedicado e uma figura pública carismática e bem-sucedida. Um dia, é acusado de violação por uma colaboradora próxima. Sophie, a sua esposa, está convencida de que ele é inocente e procura desesperadamente proteger a sua família das mentiras que ameaçam arruinar-lhes a vida.
Será que é sempre interpretada da mesma forma?
Kate Woodcroft é a advogada de acusação. Ela sabe que no tribunal vence quem apresentar os melhores argumentos, e não necessariamente quem é inocente. Ainda assim, está certa de que James é culpado e tudo fará para o condenar.
De que lado estará a verdade?
Será James vítima de um infeliz mal-entendido ou o autor de um sórdido crime? E estará a razão do lado de Sophie ou de Kate? Este escândalo — que irá forçar Sophie a reavaliar o seu casamento e Kate a enfrentar os seus demónios — deixará marcas na vida de todos eles.

(Pode Conter Spoilers... Ou não)
Este é o livro "sensação" e sobre o qual toda a gente fala e com razão. A editora fez um excelente trabalho na sua promoção e conseguiu cativar e capturar as atenções dos leitores portugueses para este primeiro livro de Sarah Vaughn.
Para iniciar salientar o facto de que esta nova autora traz já muito conhecimento e aquele "know how" para escrever. Fá-lo de forma sucinta e simples, de modo a que um caso complexo como o de James Whitehouse seja de compreensão fácil e cativante. É um tipo de escrita que faz com que a leitura não se torne aborrecida e pesada. O facto dos capítulos serem pequenos, as transições entre personagens e as idas ao passado, ajudam-nos a perceber cada um dos envolvidos e, ajuda-nos a querer entrar na resolução deste caso.
Anatomia de um Escândalo acaba por não ser apenas sobre o processo de condenação por violação (ou não) de um homem com um alto cargo na política do país. Um homem atraente, pai de família e marido dedicado que cai nas graças do povo, principalmente o feminino. Ora, no melhor pano cai a nódoa, é o que se costuma dizer, e James, esse homem correcto e bondoso, cai na tentação e tem um caso com uma colaboradora sua. A questão é que nem sequer foi isso que acabou com a sua vida perfeita e sim a acusação de violação que Olivia, a jovem e atraente colaboradora, fez contra ele. Seria de esperar que o livro girasse todo em torno de James e essa acusação, mas, de uma forma soberba, a autora consegue dar-nos muito, muito mais das outras personagens e uma delas cativou-me bastante. Kate Woodcroft. A mulher encarregue de conseguir que James seja condenado. É uma mulher de sucesso, exigente tanto no seu trabalho como na sua vida pessoal. É divorciada e do casamento acabado não teve filhos. Nem sente falta deles. Sendo assim, dedica toda a sua vida ao seu trabalho e a tentar que os criminosos sejam, de facto, condenados. 
É certo que o livro gira todo em torno do julgamento e de tudo o que foi dito tanto por James como por Olivia. É óbvio que no meio de tantas coisas ditas, alguma coisa haveria ou de fugir à verdade ou ir de encontro a ela. Algo de que gostei muito e, gosto sempre, é de ter as perspectivas de cada uma das personagens e é o que temos aqui. James no presente e no passado enquanto ainda era apenas um universitário com desempenho académico exemplar, mas igualmente duvidoso. Temos Sophie, a esposa dedicada que, a par com ele, fez parte da vida académica e que confiava plenamente no seu marido e temos Kate, a tal advogada de feições sérias demais e com um passado que ninguém tem acesso e que, em grande parte, é responsável pelo rumo que a vida dela tomou.
Todas junta estas personagens compõem um círculo que está mais ligado do que toda a gente sequer imagina e tenho de ser sincera que, apesar de nunca ter simpatizado muito com James, tinha sempre dúvidas se de facto ele era culpado da acusação de Olivia. 
Sinceramente, acho que as pessoas que mais se destacaram neste livro foram mesmo Kate e Sophie. A primeira por ser a mulher excepcional em que conseguiu tornar-se e Sophie por ter tido sempre presente o bem estar dos filhos, perdoando e tentando seguir em frente apesar de tudo, não por ela, não por James e o seu cargo político, mas sim pelos filhos e no final fará toda a diferença.
O tema violação é sempre um tema duro, doloroso e frustrante. Geralmente, e falo no que vejo na actualidade real, são sempre as vítimas que perdem mais, mesmo que se consiga condenar o criminoso. Uma violação é algo que quebra o interior da pessoa e isso nunca mais poderá ser consertado.
No geral, acabei gostando muito deste livro e cada vez mais vou sendo seduzida por este género literário, do qual eu fugia a sete pés. Espero que venham muitos mais livros destes.

Recomendo!

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