Em troca de ajuda para escapar a um longo e injusto encarceramento, a amarga curandeira mágica Blackthorn jurou pôr de lado o seu desejo de vingança contra o homem que destruiu tudo o que lhe era querido. Seguida por um companheiro de clausura, um homem grande e silencioso chamado Grim, ela viaja para o norte, rumo a Dalriada. Aqui, viverá na orla de uma misteriosa floresta e terá de cumprir, durante sete anos, a promessa que fez ao seu libertador: aceder a todos os pedidos de socorro que lhe forem dirigidos.
Oran, príncipe herdeiro do trono de Dalriada, esperou com ansiedade a chegada da sua noiva, Lady Flidais. Conhece-a apenas por via de um retrato e da poética correspondência que trocaram entre si e que um dia o convenceu de que Flidais era o seu verdadeiro amor. Oran descobre, porém, que as cartas também mentem, pois, embora igual em aparência à imagem no retrato, a sua noiva vem a revelar-se uma mulher muito diferente da criatura sensível e sonhadora que escreveu aquelas cartas.
Nas vésperas do seu casamento, o príncipe não vê saída para a o seu dilema. Mas corre o rumor de que Blackthorn possui um dom extraordinário para a resolução de problemas espinhosos, e ele pede a sua ajuda. Para salvar Oran das suas insidiosas núpcias, Blackthorn e Grim vão precisar de todos os seus recursos: coragem, engenho, astúcia e talvez até um pouco de magia.
*Pode Conter Spoilers*
Por mais livros que leia, por mais histórias que me passem pelos olhos (e têm sido muitas) tenho a impressão (certeza) de que não há uma escritora como Juliet Marillier. Uma autora capaz de nos levar por caminhos fantásticos, caminhos sinuosos, tortuosos, sombrios e, e, e... Podia continuar aqui o dia todo a arranjar adjectivos para a forma como esta autora nos consegue fascinar e afastar-nos completamente da realidade. Ainda não li muitos livros dela, mas não me parece que os que ainda não li não sejam tão bons como os que já li.
As personagens criadas por Marillier são do melhor que pode haver. Personagens carregadas de carácter, de personalidade, de força, de sentimentos para lá do compreensível. Quanto a vocês não sei, mas eu adoro personagens que desafiem a minha inteligência e que me façam revirar o cérebro na tentativa de as perceber. Não gosto de personagens ocas e vazias. Gosto delas cheias de vida e de emoções fortes e Juliet vai mesmo de encontro às minhas preferências. E os espaços? Os Ambientes? Fantásticos! É só os que vos digo. Como disse mais acima, somos completamente transportados para fora do nosso mundo e conseguimos vaguear lado a lado com cada uma das personagens por entre as florestas sinuosas que a autora cria justamente para esse efeito. O de nos envolver completamente na história.
Este Lago dos Sonhos é escrito de uma maneira soberba. Começa com uma crueldade e dureza nas descrições que quase nos faz querer fechar os olhos e não imaginar mais nada de tão real que parece. Os capítulos são, todos eles, separados entre as três personagens principais: Blackthorn, Grimm e Oran. A primeira, Blackthorne, é uma personagem com uma força interior brutal, que nos arrebata por completo. É dona de uma sabedoria imensa e passa por situações que faria com que muitos não aguentariam. Uma mulher jovem, mas que devido justamente ao que passou até nos ser apresentada, parece-se muito com uma mulher já muito mais velha, por dentro e por fora. Adorei-a desde a altura em que a conheci, apesar de a achar sempre um bocado ríspida, principalmente com o seu fiel seguidor Grimm. Este é um personagem também ele fantástico. Se no início ele me parecia algo ingénuo, tipo um Bom Gigante, de porte absurdamente grande e cérebro pequeno, ao longo do livro Grimm mostra que para além de ser um Bom Gigante, de ingénuo e de estúpido não tem nada. É ele que muitas vezes abrirá os olhos à sua amiga Blackthorne. Trabalhador, fiel como um cão e de sentimentos por vezes incontroláveis, Grimm é alguém que é impossível não gostar. Já Oran, o nosso principe de Dalriada, está convicto de que encontrou a sua amada em Flidais. Tenho de vos dizer que desde o principio nunca gostei lá muito dessa princesa, mas no final Marillier conseguiu fazer com que a princesinha arranjasse um lugar no meu coração. Oran é o típico príncipe. Simpático, inteligente, doce, sonhador e atraente (pelo menos pelo que eu entendi, uma vez que Juliet nunca se foca muito no aspecto físico das personagens). Tem de ser um pouco mais maduro e perceber que a vida não são só poemas e passeios ao luar. Terá de crescer se quiser um dia ser um Rei justo e de pés assentes no chão.
Resumindo, estas personagens, os ambientes e todas as situações criadas por Marillier, sempre com uma base na vida real, em acontecimentos reais que lhe chegaram ao conhecimento, formam um livro fantástico que nos leva a sítios absolutamente divinos, leva-nos a querer ser parte daquele mundo. E no final? Resta-nos respirar fundo e aguardar pelo próximo livro da saga Blackthorne & Grimm. Companheiros inseparáveis para toda a vida (espero eu).
(Quero agradecer à pessoa, ela saberá que é ela, que gentilmente me cedeu este exemplar em troca de uma opinião sincera)
Olá
ResponderEliminarJuliet Marillier é uma das minhas autoras preferidas. Adorei todos os livros que li dela e concordo contigo, as personagens que ela cria são brilhantes.
Estou mortinha para ler este livro!
Beijinhos e boas leituras