22/11/2022

Opinião | O Príncipe Cruel | Holly Black | TopSeller Bliss


Afia a tua lâmina.
Protege o teu coração.
Passaram dez anos desde que Jude e as irmãs foram raptadas pelo assassino dos seus pais e levadas para Faerie — o reino das fadas. Jude sente um verdadeiro fascínio pela beleza destes seres mágicos e imortais, mesmo sabendo que também são malévolos e impiedosos, e continua a sonhar em pertencer a este mundo encantado.
Mas o povo das fadas despreza mortais e, para se tornar cavaleira e receber um lugar na Corte, Jude tem de arriscar a sua mortalidade e desafiar o príncipe Cardan, o filho mais novo e mais cruel do Rei Altíssimo. O príncipe odeia Jude e tudo fará para se ver livre dela. TUDO!
É então que Jude se envolve nas intrigas e atividades de espionagem do palácio, acabando por descobrir o seu próprio talento para derramar sangue. E quando o seu sonho está prestes a tornar-se realidade, o destino de Faerie fica por um fio, obrigando Jude a fazer uma inesperada e perigosa aliança para salvar as irmãs e o reino que tanto a rejeita.

As fadas não são de confiança,
Mesmo quando dizem a verdade…


    Este livro, apesar de toda a hype em volta dele, conseguiu surpreender-me bastante. Isto porque, se no início as coisas estavam um pouco mornas, a partir de uma certa altura mudam completamente. Tenho de admitir que a certa altura estava a ficar um pouco decepcionada com o rumo das coisas. 
    Jude era apenas uma humana no mundo das fadas, com desejos de ser uma delas. Sujeitava-se a todo o tipo de chacota sem revidar, embora tivesse vontade de o fazer. Parecia-me um pouco patética, na verdade. Cardan, por sua vez, parecia-me ser um miúdo fada mimado e habituado a que tudo fosse feito do jeito dele, só por ser um dos príncipes reais. Contudo, não tardou a que tudo fosse colocado em "pratos limpos". 
    Depois de um início lento e, muitas vezes de dar vontade de adormecer, Holly Black consegue, de forma astuta e inteligente, prender a nossa atenção através de uma mudança completa de Jude e até de Cardan. É nessa fase que percebemos que numa história como esta, um enquadramento, ainda que lento, é necessário para que nada nos escape.
    Ora, temos uma Jude e a sua gémea, Taryn, que, à primeira vista, são unha com carne. E até são... só que não o serão para sempre. Aos poucos vão-se distanciar uma da outra e a traição de uma não será fácil para a outra aceitar e perdoar. Depois temos a nossa linda irmã fada, Vivienne (a minha preferida pela sua irreverência e lealdade ao mundo dos humanos), que, mesmo após dez anos passados, não aceita o amor do seu pai biológico Madoc, e que não o perdoa por ter assassinado a mãe e o pai adoptivo. É uma fada com tudo o que isso implica, mas ao contrário de Jude, só queria ser normal.
    Conseguimos, ao longo da leitura, testemunhar o crescimento e amadurecimento de Jude em relação a tudo o que a rodeia, seja bom ou mau e, com o correr do tempo, ela vai começar a perceber a razão de Cardan ser como é. Bruto, arrogante, intransigente, violento e cínico. Apesar de toda a sua beleza, Cardan não consegue evitar o ódio latente de e por Jude. Gostei particularmente de quando os dois conseguem, finalmente, arranjar uma forma de declararem um ao outro uma espécie de tréguas provisórias.
    Depois de uma fase mais lenta da história, eis que há todo um revirar dos acontecimentos e tudo o que pensamos que ia acontecer, se tudo corresse como Dain, irmão de Cardan, queria, corre exactamente ao contrário. Uma fase violenta, sangrenta e dantesca da história que não nos deixa colocar a leitura de parte e tudo o que queremos é ver e saber como vão correr as coisas para Cardan e Jude que, num acordo tácito, resolvem trabalhar juntos para se salvarem. Nesta fase já gosto muito mais de Jude e de Cardan, e consigo perceber todo o frenesim em volta deste casal. Finalmente, conseguimos perceber o quanto Jude é guerreira e o quanto Cardan é ostracizado no seio da família real, fazendo com que ele seja como é quando não está sozinho.

    A meu ver, e ainda bem que temos mais dois volumes desta saga, acho que ainda vamos ver muitas mudanças e muitas reviravoltas nesta história toda. Que fique claro que, embora continue a gostar imenso da Vivienne e da Jude, já não posso dizer o mesmo de Taryn. Fiquei extremamente desapontada com ela. Mostrou ser alguém que não merece confiança. Pode ser que, entretanto, nos volumes seguintes, ela mostre ser digna de ser perdoada e amada.

    Que venha o próximo!!

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