Julie, de dezessete anos, tem seu futuro planejado – sair de sua pequena cidade com o namorado Sam, frequentar a faculdade na cidade, passar um verão no Japão. Mas então Sam morre. E tudo muda.
Com o coração partido, Julie falta ao funeral, joga fora as coisas deles e tenta de tudo para esquecê-lo e a forma trágica como ele morreu. Mas uma mensagem que Sam deixou para trás em seu anuário força as memórias de volta. Desesperada para ouvir sua voz mais uma vez, Julie liga para o celular de Sam apenas para ouvir seu correio de voz.
E Sam atende o telefone.
Em uma reviravolta milagrosa, Julie recebeu uma segunda chance de adeus. A conexão é temporária. Mas ouvir a voz de Sam a faz se apaixonar por ele novamente, e a cada ligação fica mais difícil deixá-lo ir. No entanto, manter suas ligações sobrenaturais com Sam em segredo não é fácil, especialmente quando Julie testemunha o sofrimento que a família de Sam está passando. Incapaz de ficar de lado e assistir seus entes queridos compartilhados com dor, Julie está dividida entre contar a verdade sobre suas ligações com Sam e arriscar sua conexão e perdê-lo para sempre.
Este livro... Esta história. Queria apenas que toda a gente lesse esta pequena grande maravilha. Admito que, quando acabei de ler este livro, a minha vontade era vir logo para o computador escrever a minha opinião, estava tudo tão fresco, mas depois, cheguei aqui e não sabia bem o que havia de escrever e como. Estava tudo aos tropeções na minha mente e, então, obriguei-me a esperar uns dias para tentar organizar as minhas ideias e escrever uma opinião que não me faça contar tudo o que acontece e estragar-vos a leitura, futuramente.
Então, mas é assim tão bom esse livro? É. Quando o comprei, fi-lo porque adorei a capa (adoro tudo o que tenha a ver com manga ou banda desenhada asiática) e, de facto, a capa junto com a sinopse, convenceu-me e comprei num impulso. Assim que chegou peguei logo nele, mais uma coisa que geralmente não acontece, e, assim que comecei, tive de me obrigar a ler mais devagar porque estava a gostar tanto que não queria que acabasse. Juro que este deve ter sido o livro que mais post-its eu usei.
Vamos lá então. Julie tem dezassete anos. Vem de Seatle e encontrou naquela pequena comunidade, um grupo de amigos que, aos poucos, a foram aceitando. Sam, um jovem da mesma idade, com herança genética asiática, com o seu modo gentil e amoroso de ser, capta a atenção de Julie e, não leva muito tempo para que ela se apaixone por ele, perdidamente. Ao fim de três anos juntos, Julie mal pode esperar que o secundário acabe para poderem, os dois, sair daquela cidadezinha, onde eles sentem que é pequena demais para eles, e ir para a universidade e partilhar um apartamento. Basicamente, viver a vida juntos. No entanto, a vida prega-lhes uma rasteira e a dois meses, mais ou menos, do término do secundário, Sam morre num acidente. Evidentemente, Julie perde toda e qualquer vontade seja do que for e, numa tentativa de sobreviver ao desgosto e ao pensamento de uma vida sem Sam, ela resolve livrar-se de tudo o que tinha dele. Fotos, prendas, cds, roupas emprestadas, tudo o que a fizesse lembrar de Sam, ela coloca tudo numa caixa e manda fora. Era quase como se ela quisesse esquecer-se de que ele tinha alguma vez existido. (sinceramente, acho que não conseguiria fazer o mesmo). Só que, mais uma vez, o destino não quer que ela se esqueça de Sam. Algo dentro dela faz com que ela se tenha arrependido de tudo o que fez desde que ele morreu e, numa tentativa de resgatar algo dele, liga-lhe para o telemóvel, só para ouvir a voz dele na mensagem de voicemail.
“Ligaste-me." A voz dele era calma como água. "E eu atendi. Tal como sempre fiz."
Pois é. Qual não é o espanto de Julie quando, em vez do voicemail, a voz que ouve é mesmo a de Sam, que lhe atende assim que o telemóvel toca? Obviamente, Julie pensa que está a ficar louca, mas, assim que fala mais tempo com ele, dando hipótese àquela loucura, cada vez mais ela se convence de que é mesmo verdade. Sam está morto, no entanto, por algum motivo, foi-lhes dada a oportunidade de se comunicarem e, quem sabe, de se despedirem, como não tinham conseguido fazer quando ele morreu.
Estaria tudo muito bem, não fosse a vontade de Julie ter mais e mais dele. Como seria de esperar. Alguma vez aquilo ia ter de ter um final e era isso mesmo que Julie não queria, nem conseguia aceitar.
"Se o fim é assim tão doloroso, não sei se terá valido a pena."
Se no inicio eles estavam quase que felizes por terem essa oportunidade única de voltarem a falar e conseguir fechar aquele ciclo de uma forma calma e ponderada, ao longo das chamadas terá de ser Sam a colocar os pés de Julie no chão e fazê-la compreender que não podem continuar naquele estado para sempre. Assim que ele se apercebe do quão confusa e iludida Julie está, mais ele tenta que ela o deixe partir e, cada ligção começa a ser mais dolorosa e mais curta.
"Agora, mal posso para seguir em frente e criar novas memórias contigo. Apenas peço que não esqueças as que criamos aqui."
Queria tanto poder dizer-vos tudo o que acontece, mas apenas vos digo que, a cada ligação deles o meu coração quebrava-se mais um pouco. De cada vez que eles desligavam, sentia a dor da Julie e sentia uma pena enorme do Sam que viu a sua vida e os seus planos acabarem de uma maneira tão repentina e inesperada. Ninguém merece morrer, muito menos quando estão apenas começando a viver.
"Julie," diz Sam algo tenso. "Não faças isso." "Faço o quê?" "Agarrar-te a nós," ele diz "como se ainda tivessemos para sempre."
A Minha Conclusão
Uma história muito bem escrita (ainda que tenha sido o livro de estreia do jovem autor), emocional e profunda, que nos apresenta formas de como lidar com a perda e com o luto. Nem todas as pessoas fazem o luto da mesma forma e temos que respeitar o tempo de cada um. Tem alguns clichés? Tem, mas isso acontece em todos os livros ou praticamente todos. O que resta esperar é que sejam clichés bons. Um livro para mim, ainda que muitos possam não gostar ou ter a mesma opinião que a minha, tem de me chegar ao coração e à mente, e este livro conseguiu. Ainda vou (re)lê-lo muitas e muitas vezes.
Sinceramente, adorei este livro. Uma história terna, emotiva, dolorosa e, ao mesmo tempo cheia de esperança. Aconselho vivamente a lerem este livro e a terem uma mente aberta e receptiva a algo que temos visto tão pouco ultimamente e que costumamos chamar de Milagre.
"Obrigado... Por não teres atendido o telefone desta vez. Adeus, Julie"
(desculpem o tamanho da opinião, mas não consegui evitar)